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Dólar fecha no maior valor em mais de um ano com fiscal e Treasuries no radar

O dólar à vista emendou o quarto pregão consecutivo de valorização na sessão desta segunda-feira

Câmbio: aumentaram a busca por hedge cambial os temores de conflagração da crise geopolítica no Oriente Médio (Igor Golovniov/Getty Images)

Câmbio: aumentaram a busca por hedge cambial os temores de conflagração da crise geopolítica no Oriente Médio (Igor Golovniov/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 15 de abril de 2024 às 17h50.

Última atualização em 15 de abril de 2024 às 18h48.

O dólar à vista emendou o quarto pregão consecutivo de valorização na sessão desta segunda-feira, 15, e alcançou o maior valor de fechamento em mais de um ano. Ao ambiente externo marcado por fortalecimento da moeda americana e alta das taxas dos Treasuries — após dados de varejo nos Estados Unidos em março reforçarem a leitura que o Federal Reserve tem pouco espaço para cortar os juros neste ano —, somou-se a percepção de corrosão prematura do novo arcabouço fiscal, com a mudança para a meta dos próximos anos.

Também aumentaram a busca por hedge cambial os temores de conflagração da crise geopolítica no Oriente Médio, dada a incerteza em torno da resposta de Israel aos ataques iranianos no último sábado, e as questões técnicas do mercado local. Operadores ressaltam que vencem hoje US$ 3,8 bilhões em NTN-As, títulos atrelados à variação da taxa de câmbio, mas o Banco Central vendeu apenas US$ 1 bilhão em swaps cambias extras no dia 2. Haveria, em tese, uma demanda de US$ 2,8 bilhões por dólar futuro — o que teria contribuído para pressionar as cotações nos últimos dias.

Afora uma queda pontual e bem limitada nos primeiros minutos de negociação, a divisa trabalhou em alta no restante do dia, com máxima a R$ 5,2150 à tarde, em sintonia com o exterior. No fim da sessão, o dólar à vista subia 1,25%, cotado a R$ 5,1852 — maior valor de fechamento desde 27 de março do ano passado (R$ 5,2065). A moeda já acumula alta de 3,39% em abril, o que leva os ganhos no ano a 6,84%.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o noticiário fiscal doméstico carregado — com destaque para a informação de que o novo arcabouço fiscal foi alterado muito antes da primeira mudança no extinto teto de gastos — prejudica o desempenho da moeda brasileira. "O mercado já sabia que o governo não ia entregar as metas de primário, apesar dos projetos de aumento de arrecadação. O que surpreende é a velocidade da deterioração. O governo está desistindo muito cedo", afirma Borsoi.

Como adiantado pelo Broadcast, a meta fiscal para 2025 foi alterada de superávit de 0,5% do PIB para 0%. Em antecipação à divulgação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou em entrevista à GloboNews, no início da tarde, a modificação da meta. O objetivo agora é entregar algum superávit ainda no mandato do presidente Lula, disse Haddad. De fato, o PLDO trouxe meta de superávit primário de 0,25% do PIB em 2026, com banda de 0,25 ponto percentual. No arcabouço, contudo, era esperado saldo de 1,00% do PIB daqui a dois anos.

No exterior, o índice DXY — principal referência do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes — ultrapassou a linha dos 106,200 pontos à tarde, com máximas da moeda americana em relação ao euro. Entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes, o peso chileno e o real apresentaram o pior desempenho, com perdas acima de 1%. Em abril, a moeda brasileira é a que mais cai na comparação com o dólar.

As taxas dos Treasuries, que haviam mergulhado na última sexta-feira em meio à busca por proteção, hoje voltaram a subir, escoradas em dados fortes da economia americana. As vendas no varejo nos EUA cresceram 0,7% em março na comparação mensal, acima do previsto (0,4%). As cotações do petróleo apresentaram leve recuo, com o contrato do Brent para junho ainda na casa de US$ 90. Não se sabe ainda como Israel vai responder aos ataques iranianos.

O economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, alterou a expectativa para a taxa de câmbio no fim do ano de R$ 4,75 para R$ 4,85. Ele ressalta o comportamento do real nos próximos meses estará muito ligado aos indicadores americanos e ao vaivém das apostas para o início do ciclo de corte de juros pelo Fed.

"Aumentamos a expectativa de câmbio médio de R$ 4,88 para R$ 4 98, com retomada da tendência de valorização do real apenas após o início do ciclo de cortes de juros pelo Fed, a partir de setembro (ante cenário anterior em junho)", afirma Oliveira. 

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