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Dólar fecha no maior nível dos últimos 7 meses; Bolsa cai

Apesar de ter alcançado mais de R$ 4 neste e em outros dias, fechamento a R$ 3,9962 é o maior; Ibovespa caiu 0,86%, fechando a 91.303,79 pontos

Na máxima durante o pregão, a moeda foi a 4,0225 reais, com ganho de 1,17% (Sarinya Pinngam/EyeEm/Getty Images)

Na máxima durante o pregão, a moeda foi a 4,0225 reais, com ganho de 1,17% (Sarinya Pinngam/EyeEm/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 15 de maio de 2019 às 17h26.

Última atualização em 15 de maio de 2019 às 18h38.

São Paulo — O dólar fechou colado no patamar psicológico de 4 reais nesta quarta-feira, no maior nível em sete meses e meio, atingido por clima de incerteza no campo político doméstico e discussões sobre corte de juros, além de um pano de fundo no exterior ainda confuso.

De acordo com análise técnica, um fechamento acima de 4 reais poderia acionar ordens automáticas de compras da moeda ("stops" de compra, no jargão do mercado financeiro), num movimento que daria ainda mais fôlego ao dólar e poderia deixar os 4 reais mais como piso do que como teto.

"O real está se assentando num patamar recorde de anos, no meio de uma maciça formação técnica", disse um analista técnico de uma corretora de São Paulo que pediu para não ser identificado.

Num gráfico de longo prazo, os níveis atuais do dólar só se comparam aos vistos entre o fim de 2015 e início de 2016 e 2002.

A máxima histórica do dólar para um fechamento é de 4,1957 reais, batida em 13 de setembro de 2018. Desde então, a moeda entrou em rota de baixa, até uma mínima de 3,6588 reais em 31 de janeiro deste ano.

"Fechando acima de 4 reais, o dólar finalmente quebra a tendência de baixa iniciada em setembro de 2018", diz a Real Vision Research em comentário a clientes.

O dólar à vista subiu 0,51% nesta quarta-feira, a 3,9962 reais na venda. É o maior patamar para um encerramento desde 1º de outubro de 2018 (4,0183 reais). Na máxima durante o pregão, a moeda foi a 4,0225 reais, com ganho de 1,17%.

Na B3, o dólar futuro tinha valorização de 0,62%.

O real teve o pior desempenho numa lista de 33 pares do dólar nesta sessão, o que reforça a percepção de que fatores domésticos pesaram mais.

O mercado segue incomodado com a aparente falta de articulação do governo, o que pode ameaçar os esforços pela aprovação da reforma da Previdência no Congresso, com o governo ainda sem base consolidada.

Segundo analistas, o real está imerso numa condição técnica negativa que só pode ser quebrada com ingressos de recursos, que dificilmente ocorreriam sem a aprovação da reforma.

Soma-se a isso o menor diferencial de juros a favor do Brasil. A quarta-feira foi mais um dia de especulações sobre necessidade de cortes da taxa básica de juros, a Selic, à medida que a economia fraqueja.

Ibovespa

O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, pressionado por números que apontam para cenário de baixo crescimento da economia do país, enquanto números mais fracos do que o esperado sobre a atividade econômica no exterior minaram a confiança dos investidores.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,51%, a 91.623,44 pontos. O volume financeiro somou 17,4 bilhões de reais.

O IBC-Br reforçou a visão de um PIB bem fraco no primeiro trimestre do ano no Brasil, na mesma semana em que o Focus mostrou o 11º corte nas projeções de economistas para a economia em 2019 e o governo sinalizou revisão em sua estimativa.

Do lado político, agentes financeiros se mostram preocupados com as dificuldades do governo do presidente Jair Bolsonaro na articulação política, mesmo em questões não envolvendo a reforma da Previdência.

"Esse movimento do Ibovespa está atrelado à questão política local e ao cenário de baixo crescimento", disse o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, destacando que os sinais de desarticulação do governo tem preocupado investidores.

Do noticiário mais recente, o mercado entendeu como uma derrota do governo a aprovação pela Câmara dos Deputados para a convocação do ministro da Educação para explicar no plenário os cortes orçamentários na área.

No exterior, Wall Street começou a quarta-feira no vermelho, com dados mais fracos do que o esperado sobre as vendas no varejo dos Estados Unidos, mas notícia de que presidente Donald Trump adiaria a aplicação de determinadas tarifas trouxe alívio e o S&P 500 fechou em alta de 0,58%.

Mais cedo, também corroborou o tom mais defensivo no pregão paulista dados de vendas no varejo e produção industrial mostraram crescimento em abril aquém das expectativas no mercado.

Destaques

- KROTON caiu 5,22%, maior declínio do Ibovespa, após divulgar recuo de 34,2% no lucro líquido ajustado consolidado do primeiro trimestre, para 318,692 milhões de reais, bem como estimativas para 2019.

- EMBRAER recuou 4,17%, após a fabricante brasileira de aviões ampliar o prejuízo no primeiro trimestre para 42,5 milhões de dólares, com queda na receita em suas três principais divisões.

- EQUATORIAL valorizou-se 2,59%, tendo de pano de fundo salto de mais de 200% no lucro líquido do primeiro trimestre, que somou 213 milhões de reais, impulsionado pelos ganhos da companhia no setor de transmissão.

- JBS avançou 2,90%, para nova máxima recorde de fechamento, a 22,01 reais, em meio a expectativas relacionadas ao surto de febre suína africana na China. A rival Marfrig, que divulga resultado trimestral após o fechamento do mercado, caiu 2,2 por cento.

- VALE subiu 0,76%, também entre as poucas altas do Ibovespa, acompanhando a alta dos preços do minério de ferro na China nesta quarta-feira.

- PETROBRAS PN recuou 0,46%, mesmo com a melhora dos preços do petróleo no exterior. PETROBRAS ON perdeu 0,70%.

- BRADESCO PN cedeu 1,07%, em meio ao ambiente mais negativo como um todo na bolsa e perspectivas cada vez mais desanimadoras sobre a atividade econômica no país. Mas ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,31%.

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