São Paulo - O dólar fechou esta quarta-feira em leve baixa ante o real, após dados mais fortes do mercado de trabalho privado norte-americano reforçarem expectativas de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, pode ser firme na elevação dos juros.

O dólar recuou 0,03 por cento, a 3,1500 reais na venda, depois de bater 3,1331 reais na mínima do dia.

"O dado (de emprego) eleva as expectativas... e pode de fato levar o Fed a ser mais 'hawkish'", afirmou o operador de uma corretora nacional.

Ele lembrou, contudo, que o relatório do mercado de trabalho norte-americano mais amplo será divulgado na sexta-feira, e que deve mostrar a criação de 175 mil postos de trabalho em janeiro, conforme pesquisa Reuters.

Pela manhã, foi divulgado que os empregadores do setor privado dos Estados Unidos criaram 246 mil vagas em janeiro, acima da expectativa dos economistas consultados pela Reuters de 165 mil postos de trabalho, com estimativas que variaram de 140 mil a 200 mil.

O Fed reuniu-se nesta sessão e decidiu manter inalteradas as taxas de juros, em decisão amplamente esperada e divulgada simultaneamente ao fechamento do mercado de câmbio à vista no Brasil.

Foi o primeiro encontro após Donald Trump assumir a Presidência do país e o Fed repetiu que as condições de expectativas econômicas sustentam somente aumentos graduais de juros.

O dólar futuro passou a cair frente ao real após a decisão do banco central norte-americano.

O Fed havia elevado a taxa de juros referencial na reunião de dezembro, a segunda alta em uma década, para a faixa entre 0,5 e 0,75 por cento.

Juros mais altos nos EUA podem atrair recursos aplicados em outros mercados, como o brasileiro, que tendem a migrar para a maior economia do mundo.

No exterior, o dólar reduziu os ganhos ante uma cesta de moedas logo após a divulgação do comunicado do Fed.

Mais cedo, o dólar recuou frente ao real diante das expectativas de mais ingressos do exterior. O Brasil tem recebido fluxos positivos com empresas captando recursos no exterior. Segundo o dado mais recente do Banco Central, em janeiro até o dia 27 o fluxo cambial estava positivo em 2,846 bilhões de dólares.

Internamente, o mercado também estava atento à indicação do novo relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

O BC não anunciou intervenção para este pregão. Na véspera, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse que a autoridade poderia rolar parcialmente ou não rolar os swaps tradicionais --equivalentes à venda de dólares no futuro-- que vencem em março, equivalentes a 6,954 bilhões de dólares.