Dólar: na máxima durante os negócios desta sexta-feira (17), a dólar bateu 4,1140 reais (Pixabay/Reprodução)
Reuters
Publicado em 17 de maio de 2019 às 17h17.
Última atualização em 17 de maio de 2019 às 20h04.
São Paulo — O dólar disparava ante o real nesta sexta-feira, batendo a marca de 4,10 reais, nas máximas em mais de sete meses, com o mercado testando a disposição do Banco Central para atuar no câmbio em mais um dia de desconforto com a cena política local e o exterior. O dólar à vista subiu 1,62%, a 4,1019 reais na venda.
É o maior patamar desde 19 de setembro de 2018 (4,1242 reais). Na máxima durante os negócios, a cotação bateu 4,1140 reais. A valorização desta sexta-feira é a mais forte desde 24 de abril (1,63%)
Na quinta-feira, a divisa encerrou com avanço de 1,01%, a 4,0366 reais na venda, fechando acima dos 4 reais pela primeira vez em sete meses e meio.
Para analistas, o descolamento do real em relação a seus pares já suscita debate mais acirrado sobre os riscos de intervenção do Banco Central no mercado de câmbio.
O Citi diz que o BC deve atuar com o dólar oscilando entre 4,10 reais e 4,20 reais.
O real tem o pior desempenho entre as principais moedas globais nesta sessão, conforme investidores passavam a cogitar um cenário ainda mais conturbado para a reforma da Previdência.
"A grande questão é a falta de coordenação política, a falta de uma mão forte que possa dar sequência. O governo Bolsonaro mostra que não existe nenhuma habilidade não só do presidente como também de seus ministros", afirmou Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora.
O Banco Central vendeu nesta sexta-feira todos os 5,05 mil swaps cambiais tradicionais ofertados em leilão para rolagem do vencimento julho. Em 12 operações, o BC já rolou 3,030 bilhões de dólares, de um total de 10,089 bilhões de dólares a expirar em julho. O estoque de swaps do BC no mercado é de 68,863 bilhões de dólares.
A bolsa paulista fechou quase estável nesta sexta-feira, com o Ibovespa acumulando a terceira semana seguida de perdas, reflexo da percepção de aumento do risco político no país e do ambiente menos favorável no exterior.
Índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa terminou com variação negativa de 0,04%, a 89.992,73 pontos. O giro financeiro somou 16,43 bilhões de reais.
Na semana, caiu 4,5%, caminhando para repetir neste mês a sina dos últimos nove anos, quando fechou maio no vermelho, chancelando um famoso ditado do mercado financeiro - "sell in May and go away" (venda em maio e vá embora).
"O cenário parece cada dia mais desafiador, com a falta de articulação do governo colocando em xeque a aprovação das reformas", destacou a equipe da Coinvalores em nota a clientes.
A corretora destacou o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter voltado a enfatizar questões ideológicas, dificultando uma aproximação com o Congresso e deixando o ministro da Economia, Paulo Guedes, isolado na luta pela reforma da Previdência.
Investidores já veem com preocupação o contágio na atividade economia oriundo do atraso no andamento da proposta que muda as regras de acesso a aposentadorias, com empresários pouco dispostos a tomar risco.
Em evento no Rio de Janeiro, contudo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a matéria será aprovada na Casa até "no máximo" início de julho.
Para o estrategista de mercados emergentes do banco Julius Baer, Mathieu Racheter, a aprovação da reforma continua sendo o fator mais importante para reconstruir a confiança e impulsionar o crescimento econômico.
"Esperamos que a volatilidade do mercado permaneça em níveis elevados nas próximas semanas", afirmou.
No caso da Bovespa, o vencimento de contratos de opções sobre ações na segunda-feira corrobora com tal volatilidade, dada a participação relevante no Ibovespa de papéis que figuram entre as séries mais líquidas no exercício.
Os estrategistas Daniel Gewehr e João Noronha, do Santander Brasil, notaram que as perspectivas para as ações brasileiras pioraram no curto prazo, em meio à decepção com crescimento recente do país e renovadas preocupações com a economia global.
No exterior, o embate comercial entre os Estados Unidos e a China seguiu adicionando cautela. A rede de TV norte-americana CNBC noticiou, citando fontes, que as negociações estagnaram. Em Nova York, o S&P 500 caiu 0,58%.
- PETROBRAS PN perdeu 2,33%, contaminada pela percepção mais negativa sobre o cenário político e tendo de pano de fundo enfraquecimento dos contratos futuros do petróleo no exterior. PETROBRAS ON caiu 0,79%
- ITAÚ UNIBANCO teve dia volátil e fechou com avanço de 0,19%, enquanto BRADESCO subiu 0,76%. Mas BANCO DO BRASIL declinou 1,73%.
- VALE subiu 2,84%, após recuar mais de 3% na véspera, conforme os preços do minério de ferro dispararam na China, superando 100 dólares a tonelada.
- ULTRAPAR caiu 4,3%, em dia negativo para empresas de combustíveis. BR DISTRIBUIDORA recuou 2,24% e COSAN, que cedeu 3,05%.
- CIELO fechou em baixa de 4,34%, renovando mínima histórica, dado o cenário difícil para a companhia em meio à competição acirrada no segmento de meios de pagamentos.
- SUZANO subiu 6,09%, entre as maiores altas do dia, na esteria da alta do dólar, o que ajudou outras empresas com receitas na moeda norte-americana. EMBRAER avançou 4,13%.
- JBS ganhou 3,88%, apoiada em perspectivas de maior demanda da China devido ao surto de febre suína africana naquele país, além da alta do dólar, que beneficia exportadoras.