Dólar: o dólar mais barato reduz a pressão sobre a inflação e favorece o trabalho de política monetária do BC, com reduções da Selic (iStock/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 16 de maio de 2017 às 17h19.
Última atualização em 16 de maio de 2017 às 17h31.
São Paulo - O dólar fechou esta terça-feira em queda, pelo sexto pregão seguido e foi abaixo de 3,10 reais pela primeira vez em mais de um mês, após o Banco Central voltar a atuar no mercado de câmbio e com o cenário externo mais benigno.
O dólar recuou 0,34 por cento, a 3,0955 reais na venda, menor patamar de fechamento desde 21 de março (3,0900 reais) e pela primeira vez abaixo de 3,10 reais desde o início de abril.
Em seis sessões de queda, a moeda norte-americana acumulou perdas de 3,14 por cento ante o real.
Na mínima do dia, foi a 3,0866 reais. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 0,55 por cento no final da tarde.
"O BC abre espaço para o dólar cair mais e, com isso, também para cortar mais os juros. O (investidor) estrangeiro se anima e traz dinheiro para o país", afirmou o operador da corretora Mirae Olavo Souza.
O BC voltou a atuar no mercado nesta sessão, ao anunciar novo leilão de swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolar os contratos que vencem em junho.
A autoridade monetária também sinalizou que pretende rolar integralmente os swaps do mês que vem, de 4,435 bilhões de dólares.
No leilão desta manhã, o BC vendeu integralmente a oferta de até 8 mil swaps, ou 400 milhões de dólares.
"Apesar de a atuação do BC contribuir com a trajetória (de baixa) dos juros, acho que essa não foi a intenção dele (ao anunciar o leilão). Vejo como uma atuação natural, dentro de seu contexto", comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
No mês anterior, o BC também havia rolado integralmente os swaps que venceram em maio, quando o dólar foi negociado na casa de 3,15 reais.
O estoque total de swaps hoje está em torno de 18 bilhões de dólares.
O dólar mais barato reduz a pressão sobre a inflação e favorece o trabalho de política monetária do BC, com reduções da Selic.
Com a percepção de juros menores no futuro, os investidores se antecipam e trazem recursos para aproveitar a taxa mais elevada agora. A Selic está em 11,25 por cento ao ano.
O recuo da moeda norte-americana, no entanto, foi contido pela atração de compradores ao patamar de 3,09 reais.
"Uma justificativa para o dólar cair abaixo desse nível seria o governo aprovar a (reforma da) Previdência ainda este mês, e parece que ele está trabalhando bem e pode conseguir fazer isso", acrescentou Rugik.
A reforma da Previdência é considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem.
O recuo do dólar ante o real também foi influenciado pelo desempenho da moeda norte-americana no exterior, onde cedeu ante uma cesta de moedas e também divisas de países emergentes, como o rand sul-africano, pesos chileno e mexicano.