Dólar: moeda bateu mais uma máxima histórica (Yuji Sakai/Getty Images)
Reuters
Publicado em 19 de fevereiro de 2020 às 17h29.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2020 às 19h14.
O dólar voltou a subir e renovou a máxima histórica de fechamento ante o real nesta quarta-feira, em dia de dólar nos picos em vários anos no exterior após dados mais fortes sobre a economia dos Estados Unidos.
O dólar bateu recorde pela segunda sessão consecutiva num mês que conta com as dez cotações mais altas já registradas no mercado local.
O dólar à vista fechou em alta de 0,18%, a 4,3657 reais na venda, acima do até então recorde de 4,358 reais do encerramento da véspera. Na B3, o dólar futuro tinha ganho de 0,11%, a 4,3625 reais.
O dólar turismo chegou a custar R$ 4,83 nesta quarta para quem comprasse no cartão pré-pago. Já nas compras em dinheiro, o valor da moeda era de R$ 4,60 em algumas casas de câmbio.
A moeda dos EUA também se fortalecia no exterior, após dados apontarem uma economia norte-americana ainda firme e depois de o Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) demonstrar otimismo quanto à expansão econômica do país --a mais longa da história.
Além de fatores no exterior --onde o dólar operava nas máximas desde maio de 2017--, as operações domésticas seguiram influenciadas pela percepção de que o Banco Central parece menos disposto a atuar no câmbio mesmo com o dólar em consecutivas máximas recordes e já mirando 4,40 reais.
Na véspera, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que o BC está tranquilo com relação ao câmbio. No entendimento do mercado, a fala de Campos Neto indica que o BC não vê urgência em fazer recorrentes intervenções para defender o patamar da moeda.
"De forma geral, a mensagem do BC pode muito bem tornar intervenções menos solidárias ao real do que em episódios anteriores", disse o Citi em nota.
O BC vendeu, no somatório de quinta e sexta-feira da semana passada, 2 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional. Mas desde então a cotação já sobe 1,50%, mais do que apagando a queda de 1,14% acumulada nos dias em que o BC interveio.
A declaração do chefe da autoridade monetária veio num momento em que cresce a percepção no mercado de que o governo está apoiando um câmbio mais desvalorizado para impulsionar o crescimento.
Nesta quarta, o BNP Paribas cortou a projeção para alta do PIB do Brasil este ano de 2% para 1,5%, citando os impactos do coronavírus na economia chinesa --principal destino das exportações brasileiras.
Um cenário de crescimento mais lento reduz o espaço para aumentos de retornos na renda fixa e diminui o apetite do investidor estrangeiro pelo Brasil --ambos os fatores prejudicam as expectativas de ingresso de capital que poderia ajudar a trazer algum alívio ao câmbio.