B3: tom negativo prevalecia na bolsa paulista (Bruno Rocha/Fotoarena)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2019 às 10h58.
Última atualização em 7 de agosto de 2019 às 17h51.
Esta quarta-feira foi dia de virada para a bolsa paulista. O principal índice de ações da B3 conseguiu reverter o tom negativo visto mais cedo, após o presidente do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans, sinalizar que o conflito comercial entre EUA e China pode justificar novos cortes de juros. A declaração soou como música para os investidores, levando o Ibovespa a avançar 0,61% no fechamento, aos 102.782 pontos.
Mais cedo, o Ibovespa chegou a cair acima de 1%, pressionado por Petrobras e Vale, que passaram a cair menos no final dos negócios. As ações das duas "blue chips" sofriam com o declínio de commodities no exterior, enquanto investidores também repercutiram uma bateria de notícias corporativas e acompanharam a pauta política em Brasília.
Os preços das commodities continuaram pressionados por preocupações com a demanda, repercutindo os temores com os efeitos negativos ao crescimento global em razão da guerra comercial. Nesta quarta, a China voltou a desvalorizar sua moeda, o iuane, elevando temores de uma guerra cambial, após uma trégua que deu alívio aos mercados na véspera.
À Reuters, o estrategista Andrew Garthwaite, do Credit Suisse, afirmou que um acordo não deve ocorrer até sinais mais claros de quem é o oponente democrata do presidente Donald Trump na eleição presidencial do próximo ano ou uma queda acentuada do S&P 500 (10% ou mais), conforme nota a clientes.
O índice S&P 500 se recuperou de fortes perdas iniciais e encerrou em leve alta nesta quarta-feira, com investidores comprando ações duramente golpeadas recentemente, enquanto os rendimentos de títulos soberanos saíram de mínimas que levantaram temores de uma recessão.
No Brasil, a Câmara dos Deputados vota em segundo turno os destaques da reforma da Previdência. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que espera concluir a votação do segundo turno da reforma da Previdência ainda nesta quarta-feira. Depois, o texto segue para o Senado.
"O grande desafio será garantir quórum elevado na Casa... Deputados da base governista e de partidos de centro precisam estar presentes para mitigar riscos para as votações remanescentes", destacou a XP Investimentos em nota a clientes.
O dólar voltou a subir nesta quarta, com as cotações no mercado futuro batendo a marca psicológica de 4 reais pela primeira vez desde o fim de maio, em novo dia de desvalorização de moedas emergentes. O motivo foi a persistente incerteza da guerra comercial. No mercado à vista, que encerrou às 17h, a cotação subiu 0,48%, a 3,9749 reais na venda. É o maior patamar de fechamento desde 30 de maio (3,979 reais).
O dólar futuro chegou a atingir 4,0000 reais, pico intradia desde 31 de maio.
A ação da estatal PETROBRAS caiu 1,08% nas preferenciais, conforme os preços do petróleo no exterior recuaram fortemente, com a tensão comercial EUA-China pesando sobre as perspectivas para a demanda por energia. Os preços do petróleo recuaram mais de 4,5%, para uma mínima de sete meses, ampliando as perdas recentes depois de um surpreendente aumento nos estoques de petróleo dos EUA, além dos temores quanto a uma redução da demanda por conta da escalada na guerra comercial.
A mineradora VALE cedeu 0,3% diante de queda no preço do minério de ferro na China pelo quinto dia seguido, pior desempenho em seis semanas.
A ação da companhia aérea GOL recuou 3,52%, com o dólar rondando 4 reais. A moeda norte-americana tem peso relevante nos custos da aviação. AZUL subiu 0,28%, apesar de números de tráfego no mês de julho, que analistas do Itaú BBA consideraram fortes.
Os bancos ITAÚ UNIBANCO e BRADESCO subiram 3,69% e 2,11%, respectivamente, após o Morgan Stanley elevar a recomendação para os ADRs de ambos, afirmando esperar um período de vários anos de forte crescimento de lucros e expansão do ROE, com impulso do crescimento de empréstimos e ganhos de eficiência. BANCO DO BRASIL cedeu 0,1%.
A RD (RAIA DROGASIL) saltou 9,25%, tocando máximas históricas, após a empresa divulgar na véspera aumento de 13% do lucro do segundo trimestre sobre um ano antes, refletindo contínua expansão da rede de lojas, embora com pequeno recuo nas margem diante de política de preços mais agressiva.
A GERDAU caiu 0,92%, após fechar o segundo trimestre com lucro de 373 milhões de reais, queda de 46,5% ante mesmo período de 2018, afetada por desinvestimentos em 2018 e revisão de investimentos para 2019.