Outros motivos
Mas o pessimismo em relação ao dólar não é apenas um produto dos problemas dos EUA. Um grupo surpreendentemente grande de investidores acredita que a valorização do iene ou do iuane será a principal causa da queda da moeda americana.
Por que surpreendente? Primeiro, o novo presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, até agora fez de tudo para parecer o mais entediante possível, oferecendo pouca esperança para aqueles que apostam no fim da política ultrafrouxa que causou a desvalorização do iene. Dito isso, Ueda tem uma janela conveniente para descartar o controle da curva de juros, enquanto há mínima pressão nos mercados de taxas locais. Se ele decidir agir, isso provavelmente levaria a uma valorização significativa do iene — há evidências de que mesmo pequenas mudanças na política do BOJ podem ter um impacto descomunal sobre a moeda.
Em segundo lugar, o Índice de Surpresa Econômica do Citigroup para a China subiu para perto do nível mais alto desde 2006 neste mês e, no entanto, o yuan avançou apenas cerca de 1% em relação à sua cesta ponderada pelo comércio em 2023. O yuan deve se valorizar, mas é preocupante que a moeda tenha ficado quase imune a boas notícias, pois é difícil imaginar o que mais o país pode fazer para impressionar. Além do risco geopolítico contínuo, pode ser simplesmente que investidores precisem de tempo para se acostumar com a ideia de que o comércio da China está de volta.
Desdolarização?
O risco de um distanciamento mais generalizado do dólar é algo que investidores consideram seriamente. A maioria dos entrevistados projeta que o dólar vá representar menos da metade das reservas globais dentro de uma década.
Por outro lado, ainda há investidores otimistas em relação à moeda americana, principalmente no segmento de varejo. Uma clara maioria desses “fãs do dólar” acredita que a trajetória de juros do Fed não está devidamente refletida nas apostas. Isso confirma que acertar a direção da moeda deve se resumir em acertar o rumo da política monetária.
Curiosamente, o risco de um colapso do teto da dívida quase não é mencionado. No entanto, poucos contestariam que o ambiente político atual é extremamente negativo, e os riscos são tão altos quanto nos últimos anos. O confronto final de 2011 é o melhor modelo para julgar a provável resposta do mercado a um problema grave. Naquela época, os rendimentos caíram significativamente, mas o dólar subiu durante esse período, pois a aversão ao risco dominava a percepção dos investidores.