Uma semana após a tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump, os Estados Unidos viveram mais um dia histórico neste domingo, 21, com a desistência da candidatura do atual presidente Joe Biden às eleições presidenciais. A decisão foi anunciada em carta publicada na conta do presidente no X. Embora a possibilidade de desistência já fosse sondada, dada sua atual condição física, ainda havia dúvidas, pois sua campanha vinha sinalizando planos para a próxima semana. Com Biden fora da disputa, sua atual vice-presidente Kamala Harris é a favorita a assumir o posto de candidata pelo partido Democrata.
No mercado, que já vinha operando sob a perspectiva de uma eventual vitória de Trump, agora deve passar a avaliar um novo cenário com uma nova candidata na disputa pela Casa Branca. As primeiras reações foram sentidas ainda na noite de domingo, com a abertura do câmbio e do mercado de futuros americano.
Nos Estados Unidos, os principais índices de ações registram firmes altas, com destaque para o índice Nasdaq futuro, que lidera os ganhos subindo cerca de 0,7%. O futuro do Russell 2000 é o que sobe menos, apenas 0,2%. O Russell, com maior presença de empresas menores e mais ligadas à atividade local, vinha sendo apontado por especialistas como um dos mais favorecidos em caso de vitória de Donald Trump, dado o discurso de aumentar as tarifas sobre importados.
A alta das bolsas de valores é acompanhada pela queda dos rendimentos dos títulos de 10 anos do Tesouro dos Estados Unidos, que recuam 0,45% (0,02 ponto percentual). O título é considerado um maestro dos mercados, dado seu nível de segurança, e casas como a Gavekal Research e o Goldman Sachs vinham apontando uma maior probabilidade de uma eventual vitória de Trump levar a taxas mais altas. Isso, segundo os analistas, seria puxado pela piora da percepção fiscal, já que Trump planeja reduzir os impostos sobre as empresas.
As tarifas [sobre importações] fazem subir os preços ao consumidor e aumentam a procura de trabalhadores industriais nacionais, sendo que ambos são inflacionários. Como resultado, espera-se que o Fed mantenha o juro mais alto, o que tende a apoiar o dólar, tornando as fábricas norte-americanas menos competitivas”, diz a Gavekal em relatório.
Dólar em queda
A queda do rendimento dos títulos, por sua vez, contribui para um cenário mais frouxo no câmbio, com o dólar se desvalorizando frente a uma série de moedas, como o euro, a libra esterlina e o iene japonês. O índice DXY, que mede a variação do dólar contra as principais divisas do mundo, cai 0,2%. As negociações de câmbio envolvendo a moeda brasileira terão início na segunda, às 9h.