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Dólar dispara frente às moedas globais após Trump anunciar tarifas sobre aço e alumínio

Goldman Sachs prevê que a moeda ultrapasse a paridade com o euro, enquanto o JPMorgan projeta um recorde de 1,50 dólar canadense, algo nunca visto antes

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Vincenzo Calcopietro
Vincenzo Calcopietro

Redator na Exame

Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 06h37.

O dólar registrou alta de 0,3% frente às principais moedas do mundo após o anúncio de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aplicará uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio. A decisão afetará todos os países exportadores desses produtos para os EUA, o que gerou uma corrida pela moeda americana no mercado global.

Entre as moedas mais impactadas estão o dólar canadense, a coroa norueguesa e o dólar australiano. A medida também afeta diretamente Canadá, Brasil e México, os três principais fornecedores de aço para os EUA. O temor dos investidores é que o aumento das tarifas gere um efeito cascata sobre o comércio internacional, elevando os custos de importação e pressionando a inflação americana.

Billy Leung, estrategista da Global X ETFs, afirmou à Bloomberg que o impacto das tarifas pode se estender ao longo do tempo, gerando desafios adicionais para a economia global. "Isso pode alimentar pressões inflacionárias persistentes, manter o Federal Reserve cauteloso em cortes de taxas e reforçar fatores de divergência de políticas que sustentam um dólar mais forte", explicou.

Na última sexta-feira, 7, o dólar já havia subido em ritmo semelhante após Trump sugerir a aplicação de contra-tarifas sobre parceiros comerciais dos EUA. "E muito simplesmente, se eles nos cobram, nós cobramos deles", declarou o presidente americano à Reuters. Desde setembro do ano passado, a moeda americana já se valorizou cerca de 7%, impulsionada por políticas protecionistas e expectativas de inflação.

A reação do mercado

Com o novo cenário tarifário, grandes bancos já projetam uma valorização ainda maior do dólar. O Goldman Sachs prevê que a moeda ultrapasse a paridade com o euro, enquanto o JPMorgan projeta um recorde de 1,50 dólar canadense, algo nunca visto antes.

O mercado de derivativos também sentiu o impacto da incerteza. Na última semana, contratos futuros sobre o dólar movimentaram aproximadamente US$ 31,2 bilhões, o equivalente a cerca de R$ 5,4 trilhões, segundo a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities. No mesmo período, fundos alavancados apostaram contra o euro e o dólar canadense, ampliando ainda mais a volatilidade cambial.

Rodrigo Catril, estrategista do National Australia Bank, destacou que o governo Trump utiliza tarifas como uma ferramenta tanto de negociação quanto de reestruturação econômica. "Continuamos em um estado de fluxo, e o dólar está desempenhando seu papel esperado em meio a um período de incerteza intensificada", afirmou.

O fortalecimento do dólar em meio às tensões comerciais reforça os desafios para economias emergentes e exportadores de commodities, que podem enfrentar maior volatilidade em seus mercados cambiais nos próximos meses.

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