Citi: A guerra na Ucrânia pressionou o preço das matérias-primas e desviou fluxo dos mercados emergentes europeus para países distantes do conflito, como o Brasil (Nelson A Ishikawa/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 12 de abril de 2022 às 15h29.
A alta dos juros nos Estados Unidos e a queda das commodities devem levar o dólar de volta ao nível de R$ 5,00 no segundo semestre, diz Eduardo Miszputen, chefe de tesouraria do Citi no Brasil.
A guerra na Ucrânia pressionou o preço das matérias-primas e desviou fluxo dos mercados emergentes europeus para países distantes do conflito, como o Brasil -- o que ajudou o dólar a cair cerca de 20% neste ano, mais do que o esperado, segundo o executivo.
O recuo mais recente das commodities, aliado ao ciclo de aperto monetário pelo Federal Reserve, deve provocar reequilíbrio de alocações, afirma. O surto de coronavírus na China, maior parceiro comercial do Brasil, também pode pesar sobre o câmbio. O Citi prevê o dólar a 5,19 no final do ano.
Outros fatores contribuíram para a apreciação do real nos últimos meses, como a Selic elevada e o desenvolvimento de uma “visão neutra” do mercado em relação às eleições, de acordo com Miszputen.
Passou a prevalecer a ideia de que os candidatos líderes nas pesquisas -- Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva -- não apresentam grandes diferenças em matéria econômica. “A questão política ficou menos marcante para o mercado.”
A alta da inflação deve levar a taxa Selic subir além dos 12,75% em maio, como vinha sendo sinalizado pelo Banco Central, segundo Miszputen.
“A inflação segue sem uma tendência clara de reversão e, nesse ambiente, seria muito improvável o BC interromper a alta da Selic em maio.”
Miszputen diz que não se surpreenderia em ver a inflação projetada para este ano acima de 8% quando a pesquisa Focus, atrasada devido à greve no BC, voltar a ser divulgada. A projeção estava em 6,86% na última pesquisa divulgada.
“O BC deve mostrar de forma consistente que o mandato é segurar a inflação e se preciso vai ter mais juros.”
Quanto à bolsa, ele diz que ainda há espaço para alta, mas com um investidor “mais criterioso” e técnico na escolha de setores. “Tínhamos impressão forte de que a bolsa estava muito barata, mas agora ela está mais alinhada às internacionais.”