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Dólar sobe e fecha acima de R$ 5,26 com expectativa de queda da Selic

Expectativa é de corte de 0,75 ponto percentual; mercado ainda vê espaço para novas quedas de juros nas próximas reuniões do Copom

Dólar: na véspera, o dólar spot fechou em alta de 1,76%, a 5,2324 reais na venda (Gary Cameron/Reuters)

Dólar: na véspera, o dólar spot fechou em alta de 1,76%, a 5,2324 reais na venda (Gary Cameron/Reuters)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 17 de junho de 2020 às 17h00.

Última atualização em 17 de junho de 2020 às 18h50.

O dólar fechou em alta, nesta quarta-feira, 17, com a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom)promova um corte de juros de 0,75 ponto percentual, renovando a mínima histórica da taxa Selic para 2,25% ao ano. Para parte do mercado, a redução de juros não deve parar por aí. Com isso, o dólar comercial subiu 0,5% e encerrou sendo vendido a 5,261 reais. O dólar turismo, com menor liquidez, avançou 0,7%, cotado a 5,55 reais.

“Todo mundo sabe que vai cortar 0,75 ponto percentual, mas não sabe se vai continuar o corte ou não. Na dúvida, o investidor fica comprado em dólar”, disse Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti.

Embora possa aquecer a economia, reduzindo o custo de empréstimos e estimulando investimentos na economia real, a queda da taxa de juros tende a enfraquecer a moeda local, tendo vista que os títulos públicos ficam menos atrativos, afastando a entrada de capital estrangeiro em busca de ganhos com renda fixa.

Segundo Ruik, a garantia de que os juros americanos não devem ser elevados tão cedo dá maior segurança para que outros bancos centrais promovam cortes de juros. Em sua última decisão sobre a política monetária, o Federal Reserve informou que pretende manter a taxa de juros próxima de zero até 2022.

“Um corte de 0,75 p. p. já está precificado. Mas se ele flexibilizar ainda mais para 1 p. p. de queda, o impacto pode ser bem forte, porque vai ficar totalmente sem atrativo e vai perder ainda mais investimento que já perdeu. Vai pressionar bastante o dólar”, disse Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.

A depreciação do o real também teve reflexo do cenário externo, negativo para moedas emergentes. No exterior, pesaram os temores sobre uma segunda onda de contaminação, tendo como pano de fundo o aumento de casos de coronavírus em países asiáticos, aumentando os temores sobre uma segunda onda de contaminação. Em Pequim, escolas voltaram a ser fechadas, após serem registrados 137 infectados desde quinta-feira.

Além da Ásia, o crescimento do número de infectados registrados em algumas regiões dos Estados Unidos também preocupam os investidores. Na terça-feira, seis estados registraram recordes de novos casos, após darem início a processos de reaberturas. Entre eles, estão os estados do Texas, Flórida e Arizona. A preocupação do mercado é a de os novos casos atrasem a retomada econômica, com a necessidade de novos isolamentos. "O covid-19 ainda é o grande tema do mercado. O custo da paralisação cresce a cada semana adicional", comentou Arthur Mota, economista da Exame Research.

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