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Dólar vira e fecha acima de R$ 5,23 com fala de Powell e medo de 2ª onda

Presidente do Fed diz que não correrá como um "elefante" para o mercado de títulos

 (halduns/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 16 de junho de 2020 às 17h10.

Última atualização em 16 de junho de 2020 às 17h57.

O dólar fechou em alta contra o real, nesta terça-feira, 16, após o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, aumentar as incertezas sobre a recuperação econômica dos Estados Unidos e mitigar o otimismo sobre o anúncio sobre compras títulos de dívidas corporativas, feito na véspera. Com isso, o dólar comercial subiu 1,8% e encerrou sendo vendido a 5,232 reais. O dólar turismo, com menor liquidez, avançou 2,6%, cotado a 5,51 reais.

Pela manhã havia grande euforia sobre os estímulos americanos, que foram contidos quando, em sabatina no Senado americano, Powell disse que não pretende correr para o mercado de títulos feito um "elefante".

“O alívio com a disposição de comprar títulos de dívida praticamente desapareceu. O mercado botou os pés no chão”, disse Tulio Portella, diretor comercial da B&T Corretora.

As declarações fizeram com que as moedas emergentes, que vinham numa toada positiva, passassem a se desvalorizar. Nesta terça, além do real, o peso mexicano, o rublo russo, a lira turca e mais uma série de moedas tiveram depreciação em relação ao dólar. Entre as principais divisas emergentes, o real, que pela manhã era a que mais se valorizava, foi a que mais se desvalorizou.

"O real é a moeda que tem a maior volatilidade. Quando o mercado entra no mal humor, o dólar sobe mais aqui do que na maioria dos emergentes, quando entra no bom humor, o inverso também ocorre", disse Portella.

Powell também disse que até que a população tenha certeza de que a doença está contida, é improvável uma recuperação econômica completa. A declaração do presidente do Fed ocorre em meio ao aumento de casos de covid-19 em alguns estados americanos. Na Flórida, o número diário de infectados voltou a bater recordes, enquanto o Texas vive o crescimento de hospitalizações pela doença.

O medo de uma segunda de contaminação também ganhou força no mercado, após Pequim ter elevado o nível de emergência com o reaparecimento de novos casos, voltando a fechar escolas. Na Ásia, outros países, como Japão e Coreia do Sul, também passam por um aumento do número de casos, depois de terem conseguido um maior controle sobre a doença.

A possibilidade de novas quarentenas mais rígidas é tida como um dos maiores temores do mercado financeiro, tendo em vista que poderia atrasar a recuperação econômica. A expectativa de parte do mercado é a de que as economias vão ser reaquecidas de forma intensa conforme os isolamentos sociais sejam afrouxados. O que corrobora para essa visão são dados econômicos, que têm surpreendido positivamente os investidores com certa regularidade.

Nesta terça-feira, foi a vez dos dados do varejo americano de maio terem ficado acima das projeções, apontando para um crescimento de 17,7% em relação ao mês anterior ante a expectativa de expansão de 8%.

"Os dados vieram em linha com as perspectivas de que a maior economia do mundo vai se recuperar em 'V'", disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

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