Mercados

Dólar chega perto de R$ 1,90 e sobe 18% em setembro

O corte de juros pelo Banco Central e as medidas do governo como a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras ajudam a desvalorizar o câmbio

A moeda americana chegou a subir 6,2 por cento na máxima do dia, chegando a R$ 1,8960, maior cotação intradiária desde maio de 2010 (Karen Bleier/AFP)

A moeda americana chegou a subir 6,2 por cento na máxima do dia, chegando a R$ 1,8960, maior cotação intradiária desde maio de 2010 (Karen Bleier/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2011 às 18h34.

São Paulo - O dólar fechou na maior cotação em quase 16 meses, ampliando a alta neste mês para 18 por cento. O real teve a maior queda entre as moedas de países emergentes junto com o rand sul-africano, ambas de 15 por cento.

O corte de juros pelo Banco Central e as medidas do governo como a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras ajudam a desvalorizar o câmbio em meio ao receio que a Grécia não evitará uma moratória.

A moeda americana chegou a subir 6,2 por cento na máxima do dia, chegando a R$ 1,8960, maior cotação intradiária desde maio de 2010. O dólar fechou em alta de 5,05 por cento, a R$ 1,8756, na maior valorização desde 22 de outubro de 2008. O ganho da moeda americana se acentuou após o Federal Reserve dizer em comunicado da reunião encerrada as 15:15 que há “riscos significativos de desaceleração” para a economia.

“O mercado ficou um pouco mais negativo” após o comunicado do Federal Reserve, disse Felipe Brandão, analista para mercados emergentes da corretora ICAP Brasil, em entrevista por telefone de São Paulo. “Deve levar um maior tempo para a economia Americana se recuperar.”
O real ampliou a queda em setembro após o BC cortar inesperadamente a taxa básica de juros do País para 12 por cento em 31 de agosto. O aprofundamento da crise europeia também afetou a moeda.

O real havia desacelerado as perdas hoje no meio da tarde após o BC dizer que não vai realizar leilão de swap cambial reverso para rolagem do vencimento do dia 1º de outubro, segundo comunicado do Sisbacen.

Existe uma “exposição estrutural” do mercado ao real, disse Alfredo Barbutti, economista da Liquidez DTVM Ltda, em entrevista por telefone de São Paulo.


“Se o BC está comprado em mais de US$ 300 bilhões em reservas, o mercado como um todo está vendido”, disse ele.

Segundo o economista, a situação hoje não pode ser comparada a da crise de 2002 apesar da alta recente do dólar.

“Não há alavancagem das empresas e os exportadores estão antecipando câmbio.”

No exterior, as bolsas europeias caíram hoje após autoridades locais terem dito que voltarão à Atenas na próxima semana para avaliar a economia grega. As bolsas americanas estenderam as perdas após a reunião do Fed.

“Continua a preocupação com a Grécia”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe da CM Capital Markets, em entrevista por telefone de São Paulo. “As commodities estão caindo e o euro perdendo valor.”

Segundo Rostagno, o real também está se enfraquecendo diante da preocupação com a inflação após o BC cortar a taxa de juros mesmo com a inflação subindo.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarMoedasReal

Mais de Mercados

Mercado intensifica aposta em alta de 50 pontos-base na próxima reunião do Copom

Ação da Agrogalaxy desaba 25% após pedido de RJ e vale menos de um real

Ibovespa fecha em queda, apesar de rali pós-Fed no exterior; Nasdaq sobe mais de 2%

Reação ao Fomc e Copom, decisão de juros na Inglaterra e arrecadação federal: o que move o mercado