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Dólar ia para R$ 6 e agora R$ 5. O que o levou ao 6º pregão de baixa?

O motivo para a queda foi a recuperação do apetite por risco no exterior, embora as tensões entre Estados Unidos e China continuem no radar

Dólar: moeda encerrou o pregão em queda de 1,438% para 5,2828 reais (Thomas Trutschel/Getty Images)

Dólar: moeda encerrou o pregão em queda de 1,438% para 5,2828 reais (Thomas Trutschel/Getty Images)

NF

Natália Flach

Publicado em 27 de maio de 2020 às 17h13.

Última atualização em 27 de maio de 2020 às 17h23.

O dólar encerrou o pregão em queda de 1,438% para 5,2828 reais, alcançando o sexto pregão consecutivo de perdas. O motivo é a recuperação do apetite por risco no exterior, embora as tensões entre Estados Unidos e China continuem no radar. O otimismo dos investidores ganhou um reforço com a decisão do governo de São Paulo de afrouxar o isolamento em alguns municípios do estado, apesar de manter as restrições na capital.

 "Como o real foi a moeda que mais se desvalorizou frente ao dólar, em momento de maior inclinação a risco, é a moeda que tende a se recuperar mais rapidamente. Por isso, vimos o dólar passar de 5,90 reais para 5,30 reais em alta velocidade", afirma Fernando Bergallo, presidente da FB Capital.

Somou-se a isso o otimismo com o anúncio do plano de recuperação da União Europeia de 750 bilhões de euros em subsídios e empréstimos para ajudar os países a se recuperar dos impactos do coronavírus. "Além disso, o presidente do maior banco de investimentos dos Estados Unidos, JP Morgan, Jamie Dimon, disse que há grandes chances de a economia se recuperar no terceiro trimestre", disse Pablo Spyer, diretor da Mirae, em vídeo. O Japão também aprovou um novo pacote de estímulo de 1,1 trilhão de dólares que inclui gastos diretos significativos para impedir que a pandemia leve a terceira maior economia do mundo a uma recessão ainda mais profunda.

O que limitou o movimento, no entanto, é a continuidade das tensões entre os Estados Unidos e China. Ontem, a porta-voz do presidente dos Estados Unidos, Kayleigh McEnany, afirmou que Donald Trump está “descontente” com a postura da China em relação a Hong Kong. “É difícil ver como Hong Kong pode permanecer como um polo financeiro se a China intervir”, afirmou durante entrevista coletiva na Casa Branca. O governo americano tem criticado a intenção de Pequim de impor uma lei de segurança nacional sobre Hong Kong, em um momento de maior tensão bilateral entre as potências.

Além disso, durante a manhã, o dólar chegou ser negociado em 5,2763 reais, na mínima do dia, mas arrefeceu com a notícia publicada pela Miriam Leitão, em O Globo, de que organismos internacionais, como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento, podem cortar crédito ao Brasil. Também contribuiu para o arrefecimento os números de desemprego: o país tem saldo negativo de 860.000 empregos formais em abril.

Diante do quadro de tantas incertezas, Sidnei Moura Nehme, economista e diretor da NGO, diz que é praticamente impossível se construir fundamentos que "possam alicerçar as perspectivas e buscar ancorar os movimentos que se verificam no preço do dólar".

 

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