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Dólar cai quase 3% e vai abaixo de R$3,50

A moeda caiu e fechou no menor patamar em quase oito meses com o mercado eufórico com a chance da presidente Dilma Rousseff sofrer impeachment


	Dólar: dólar recuou 2,83 por cento, a 3,4946 reais na venda
 (Gary Cameron/Reuters)

Dólar: dólar recuou 2,83 por cento, a 3,4946 reais na venda (Gary Cameron/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2016 às 17h27.

São Paulo - O dólar caiu cerca de 3 por cento nesta segunda-feira e fechou no menor patamar em quase oito meses, abaixo de 3,50 reais, refletindo a euforia do mercado com perspectiva de impeachment da presidente Dilma Rousseff, mesmo após quatro atuações do Banco Central para sustentar as cotações.

O dólar recuou 2,83 por cento, a 3,4946 reais na venda, menor cotação de fechamento desde 20 de agosto passado (3,4596 reais). Em apenas duas sessões, a queda acumulada da moeda norte-americana foi de 5,39 por cento.

O dólar futuro caía cerca de 2,80 por cento no final da tarde.

"Parece que o mercado está dando o impeachment quase como uma certeza", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho. "Pode ser exagero", acrescentou.

O próprio governo prevê que será derrotado na votação na comissão do impeachment na Câmara dos Deputados, que ocorrerá nesta noite, e tem concentrado seus esforços em angariar votos no plenário da casa. Nesta sessão, cresceu no mercado a avaliação de que o afastamento da presidente sairá do papel.

O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), liberou a bancada do partido para votar "de acordo com sua consciência" na comissão especial do impeachment na Casa e anunciou que os deputados peemedebistas se reunirão nesta semana para definir uma posição na votação do tema em plenário.

Além disso, o vice-presidente da República Michel Temer enviou a um grupo de parlamentares do PMDB, por engano segundo sua assessoria, um áudio no qual ele fala como se o impeachment contra a presidente já tivesse sido aprovado. No áudio, ele fala da necessidade de união e de reformas.

Levantamentos publicados pela mídia mostrando que estaria crescendo a adesão dos deputados à campanha pelo afastamento de Dilma têm sido bem recebidos no mercado, que entende que a manobra poderia ajudar a trazer de volta a confiança no Brasil.

O bom humor levou investidores a deixarem de lado pesquisa do Datafolha mostrando redução do apoio popular ao impeachment.

BC ATUA

Diante da forte queda do dólar sobre o real, o BC intensificou sua atuação no mercado nesta sessão, mas com quase nenhum efeito.

Após vender apenas 7,7 mil dos 20 mil swaps reversos em leilão na primeira hora da sessão, a autoridade monetária anunciou ainda durante a manhã outra oferta de 12,3 mil contratos, equivalente aos não vendidos na primeira ofeta. Novamente vendendo parcialmente os contratos, o BC fez um novo leilão de até 7,3 mil contratos na última hora dos negócios.

Com as três ofertas no mesmo dia, algo nada usual, o BC colocou ao todo os 20 mil swaps reversos, que equivalem à compra futura de dólares, anunciados no pregão passado.

"Se o mercado forçar o dólar muito para baixo, o BC vai entrar. Não encaro isso como uma sinalização de banda, mas como um ajuste, uma intervenção saudável para corrigir excessos", disse o operador da corretora Ativa Arlindo Sá. No caso dos swaps tradicionais --que correspondem à venda futura de dólares--, o BC vendeu apenas 4 mil contratos na oferta de até 5,5 mil swaps para rolagem do lote do mês que vem, após vender a oferta integral em todos os leilões de rolagem feitos neste mês. Com isso, repôs ao todo o equivalente a 1,804 bilhão de dólares até agora, ou cerca de 17 por cento do lote total, que corresponde a 10,385 bilhões de dólares.

O BC tem reduzido rapidamente nas últimas semanas seu estoque de swaps tradicionais, hoje equivalente a pouco mais de 100 bilhões de dólares, que tende a gerar custos para o BC quando o dólar sobe.

Nos mercados externos, dados sobre a inflação chinesa alimentaram expectativas de que Pequim deve manter seus estímulos monetários, aumentando a demanda por ativos de maior risco. O movimento dava continuidade ao bom humor que prevaleceu na sexta-feira, depois de vários dias de intensa aversão a risco.

Texto atualizado às 17h27

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