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Dólar cai pela 6ª semana consecutiva e já recua quase 8% no ano

Real teve o melhor desempenho global frente ao dólar e lidera os ganhos entre seus principais pares no acumulado do ano

Moeda americana tem queda de 7,80% até agora em 2022 | Foto: Mohamed Azakir/ Reuters (Mohamed Azakir/Reuters)

Moeda americana tem queda de 7,80% até agora em 2022 | Foto: Mohamed Azakir/ Reuters (Mohamed Azakir/Reuters)

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Reuters

Publicado em 18 de fevereiro de 2022 às 18h35.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2022 às 18h49.

O dólar comercial contrariou tendência internacional de aversão a risco e registrou queda ante o real nesta sessão, engatando uma sexta semana consecutiva de perdas em meio à percepção de rendimentos atraentes na cena doméstica.

O real teve, com folga, o melhor desempenho global frente ao dólar na sessão, e lidera os ganhos entre seus principais pares no acumulado do ano.

A moeda americana à vista caiu 0,52% nesta sexta-feira, a R$ 5,14 na venda, depois de chegar a recuar 1,08% na mínima do dia, a R$ 5,1107.

Na semana, o dólar caiu 1,93%. Esta foi sua sexta semana seguida de baixa, período em que perdeu 8,7%, na mais longa sequência de recuos semanais desde uma série da mesma duração finda em maio de 2021.

Com a cotação de fechamento desta sexta-feira, a moeda americana tem queda de 7,80% até agora em 2022.

"Estamos vendo o resultado da retomada de nossos juros para um patamar apropriado ao nosso risco país, causando um forte fluxo cambial para cá", disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da assessoria de câmbio FB Capital, sobre o forte desempenho do real nas últimas semanas.

"A Selic disparou de uma mínima histórica de 2% para dois dígitos; ela estava com direção clara de alta faz tempo, mas o mercado demorou para reverberar essa alta dos juros por questões externas", disse ele, citando a iminência de um ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos.

A taxa básica de juro do Brasil está atualmente em 10,75% ao ano, e deve subir ainda mais ao longo das próximas reuniões de política monetária do Banco Central, embora a autarquia tenha sinalizado uma desaceleração na magnitude de seus ajustes.

Ao mesmo tempo, nos EUA, as taxas de empréstimo de referência do Federal Reserve estão numa faixa próxima de zero, embora devam começar a subir já em março. Ajustados pela inflação, que está numa máxima em quatro décadas por lá, os rendimentos americanos estão em território negativo.

Juros reais mais altos em determinado país tendem a atrair recursos de investidores para a renda fixa, o que, consequentemente, pode ajudar na valorização da moeda local.

Além da Selic atrativa para estrangeiros, a recente flexibilização da política monetária da China — segunda maior economia do mundo e principal parceira comercial do Brasil — é fator que pode explicar o interesse de investidores pelo real neste início de ano, já que a atividade doméstica tende a se beneficiar de estímulos no país asiático, disse à Reuters Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.

Os atritos na fronteira da Ucrânia, embora tenham desencadeado ondas pontuais de aversão a risco nos mercados globais, também podem acabar trabalhando a favor dos ativos brasileiros, disse a economista.

A Ucrânia é importante produtora de milho, e eventual escalada nas tensões geopolíticas que interrompa a produção do país europeu pode elevar o interesse de investidores internacionais pelas safras brasileiras da commodity, defendeu Argenta. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial do grão, atrás de Estados Unidos e China.

As manchetes sobre as tensões no leste europeu desta sexta-feira incluíram relatos sobre aumento de bombardeios e acusações do Ocidente de que a Rússia está buscando pretextos para invadir a Ucrânia. Nesse contexto, o índice do dólar subia 0,2% nesta tarde, e havia maior demanda pela segurança dos títulos americanos.

Embora veja um cenário promissor para o real tanto no ambiente doméstico quanto no exterior, Argenta disse que vê o patamar de 5 por dólar como possível teto para a valorização da moeda brasileira. Ela disse que há grandes chances de haver aumento na apreensão política do mercado quando a corrida eleitoral começar oficialmente por aqui, o que tenderia a aumentar as compras de dólar.

Bergallo, da FB, também alertou que "é provável que haja um ponto de inflexão [na valorização do real] em algum momento", citando percepção de que o patamar de equilíbrio atual do dólar seria mais alto do que a cotação no mercado à vista desta sexta-feira. Na visão da FB, disse o especialista, o câmbio de equilíbrio atualmente é de R$ 5,20 por dólar.

*Com a redação

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