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Dólar sobe e bate recorde com temores sobre vídeo de Bolsonaro

De acordo com site, Bolsonaro chegou a associar troca de superintendência à necessidade de salvar a própria família

Dólar: moeda perde força contra divisas emergentes (Sergio Moraes/Reuters)

Dólar: moeda perde força contra divisas emergentes (Sergio Moraes/Reuters)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 12 de maio de 2020 às 17h15.

Última atualização em 13 de maio de 2020 às 07h49.

O dólar mudou de direção na tarde desta terça-feira, 12, e fechou em alta com os temores sobre o vídeo da reunião ministerial do presidente Jair Bolsonaro. Com isso, o dólar comercial subiu 0,7% e encerrou cotado a 5,866 reais, renovando o recorde de fechamento. O dólar turismo avançou 1,2%, a 6,12 reais.

De acordo com informações do site O Antagonista, que classifica o conteúdo como “devastador”, no vídeo, o presidente chega a associar a troca do comando da superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro à necessidade de proteger sua família. 

“Desde a hora que saiu a notícia, o dólar não parou de subir”, afirmou Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos. Para ele, se for verídica as informações, o impeachment do presidente é “iminente”. “Não entra nem no critério se tem culpa ou não. Ele atuou para salvar a si próprio”, disse.

Fabrizio Valloni, chefe da mesa de câmbio e sócio da Frente Corretora, também acredita que, se confirmada a veracidade da notícia, o impacto deve ser forte no mercado de câmbio. "Uma notícia dessas é uma bomba para a nossa economia. Não tenho dúvidas de que o dólar vai passar de 6 reais", afirmou.

Na semana passada, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a perspectiva da nota de crédito brasileiro, tendo como um dos motivos a instabilidade política no país, que pode ser agravada com a publicação da íntegra do vídeo. "Se for comprovado [que o presidente usou da influência para salvar a família] vai ser muito difícil passar qualquer coisa no Congresso, Ninguém vai querer se juntar à imagem dele", comentou Valloni.

Nesta manhã, também foi divulgada a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da última reunião, da semana passada. No documento, o Copom voltou a citar que considera um “último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia”.

Valloni, no entanto, vê uma nova redução da taxa de juros como uma decisão “equivocadíssima”, visto que os títulos brasileiros tendem a ficar ainda menos atrativo para o investidor estrangeiro que busca ganhos com carry trade. A operação visa tomar dinheiro em países com juros menores e aplicar em economias que pagam maiores prêmios.

“Esse fluxo de dinheiro especulativo ajuda a tirar pressão sobre moeda local. Mas não vai trazer capital dessa forma. Vamos ter uma moeda mais pressionada que pares emergentes com risco/retorno melhor que a nosso", disse.

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