Dólar: mercado também seguia atento à cena política doméstica, sobretudo ao andamento da reforma da Previdência no Congresso (AFP/AFP)
Reuters
Publicado em 24 de abril de 2017 às 10h47.
São Paulo - O dólar caía cerca de 1 por cento ante o real nesta segunda-feira, com alívio dos investidores após o resultado do primeiro turno das eleições francesas e com as pesquisas indicando que o eleitorado deve eleger um governo de centro, e não de extrema-direita que colocaria em risco a permanência da França na União Europeia.
O mercado, entretanto, seguia atento à cena política doméstica, sobretudo ao andamento da reforma da Previdência no Congresso.
Às 10:27, o dólar recuava 0,81 por cento, a 3,1318 reais na venda, depois de fechar a semana passada no patamar de 3,15 reais. O dólar futuro tinha baixa de 0,60 por cento.
Na véspera, o candidato de centro Emmanuel Macron deu um grande passo rumo à Presidência da França ao ganhar o primeiro turno das eleições, avançando para o segundo turno da votação em 7 de maio, contra a líder de extrema-direita Marine Le Pen.
Levantamento Opinionway nesta manhã colocou o concorrente de centro com vantagem de 61 por cento contra 39 por cento da adversária, de postura nacionalista.
"O receio com Le Pen era grande, especialmente em tempos de Brexit e Donald Trump (presidente dos Estados Unidos) se colocando como delicadas surpresas protecionistas nos dois lados do Atlântico", informou a corretora H.Commcor em relatório a clientes, referindo-se à saída da Grã-Bretanha da União Europeia.
No exterior, o euro saltava mais de 1 por cento ante o dólar após o resultado das eleições francesas e aliviando os temores de outro choque político sistêmico no segundo turno.
O dólar cedia ante uma cesta de moedas e divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
Internamente, os investidores seguiam atentos ao noticiário político, diante das negociações para garantir a aprovação da reforma da Previdência, na próxima semana.
Na véspera, o presidente Michel Temer afirmou a líderes da base aliada e ministros que o projeto apresentado na comissão especial da Câmara dos Deputados na semana passada é a versão final, sinalizando que não há mais espaço para concessões e cobrando apoio para sua aprovação.
"Amanhã, o governo já vai ter um teste do que pode esperar da reforma da Previdência, com a votação da (reforma) trabalhista. Um adiamento ou derrota pode estressar os investidores", comentou o profissional da mesa de uma corretora local.
O projeto de reforma trabalhista pode ser votado em comissão especial nesta terça-feira, depois de ter sua urgência aprovada na semana passada.
O Banco Central realiza nesta sessão novo leilão de swap cambial tradicional --equivalente à venda futura de dólares-- com oferta de até 16 mil contratos para rolagem dos vencimentos de maio.