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Dólar cai ao menor nível em quatro meses por expectativa de juro menor nos EUA

Otimismo no mercado já dura duas semanas e vem após última decisão de juros na economia americana

Dólar à vista fechou em queda de 0,81%, a R$ 4,8220 (Stock/Getty Images)

Dólar à vista fechou em queda de 0,81%, a R$ 4,8220 (Stock/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 26 de dezembro de 2023 às 18h52.

Última atualização em 26 de dezembro de 2023 às 19h10.

A expectativa de corte nos juros dos Estados Unidos, que há quase duas semanas pesa sobre a cotação do dólar no mercado global, novamente se fez presente e contribuiu para que a moeda americana recuasse na comparação com o real, chegando a operar abaixo de R$ 4,82 na mínima da sessão, quando bateu o menor nível desde agosto.

O mercado está particularmente desfavorável ao dólar desde as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, no dia 13, sugerindo que as autoridades do banco central dos Estados Unidos poderiam começar a discutir cortes nos juros. A expectativa de afrouxamento na política monetária fez as taxas dos Treasuries despencarem, arrastando o dólar para baixo.

O impacto das declarações fica evidente no histórico de preços. Até um dia antes dos comentários de Powell, o Dollar Index — que mede o valor da moeda americana em relação a uma cesta de outras moedas fortes — acumulava alta de 0,30% no ano. Hoje, recua 1,96% no acumulado de 2023.

Na comparação com o real, a situação é parecida: até dia 12 de dezembro, a queda do dólar no ano era de 5,94% no mercado à vista. Hoje, chegou a 8,67%.

A fraqueza, diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos, destoa do que tradicionalmente se vê no final do ano: o enfraquecimento do real diante da demanda por dólar para remessas ao exterior.

Carlos Lopes, economista do Banco BV, ressalta que o movimento de hoje é a continuidade daquele iniciado em dias anteriores, mas num pregão de menor liquidez, dada a proximidade das comemorações de fim de ano. Ele alerta, porém, que provavelmente o Fed levará mais tempo do que o mercado prevê para reduzir as taxas de juro dos Estados Unidos, e que eventualmente isso resultará numa recuperação do dólar.

"O plano atual do Fed não é cortar no primeiro trimestre. Ele tem reforçado o discurso de cautela, apesar da mudança recente mais a favor de corte de juros", afirmou. "O que poderia ter é uma surpresa favorável que mudasse para o corte mais cedo. O mercado pode se decepcionar no começo de ano e aí tem espaço para ter alguma frustração", acrescentou.

Rodrigo Jolig, CIO da Alphatree, também acha que o corte de juros nos Estados Unidos virá mais tarde do que o mercado espera, mas ressalta que há dificuldade em acertar o momento em que o movimento do câmbio se inverteria como reação à frustração das expectativas.

"É melhor ficar vendido em dólar ou ficar zerado até começar uma reversão do que tentar comprar agora e esperar uma reversão. Janeiro, fevereiro e março é um período sazonalmente bom para o real", acrescentou.

O dólar à vista fechou em queda de 0,81%, a R$ 4,8220 — o menor nível de fechamento desde 2 de agosto, quando a moeda encerrou o pregão cotada a R$ 4,8055. Na mínima de hoje, o dólar à vista bateu R$ 4,8180, menor preço intradia também desde 2 de agosto, quando o piso da sessão foi de R$ 4,7823.

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