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Dólar fecha em alta de 2,5% e bate recorde após Moro sair do governo

Interferência política em exoneração de Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal serviu de estopim para a saída do ex-juiz federal

Dólar: instabilidade política afeta mercado de câmbio e dólar turismo chega a ser negociado acima de 6 reais (Oleg Golovnev/EyeEm/Getty Images)

Dólar: instabilidade política afeta mercado de câmbio e dólar turismo chega a ser negociado acima de 6 reais (Oleg Golovnev/EyeEm/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 24 de abril de 2020 às 17h06.

Última atualização em 24 de abril de 2020 às 17h30.

A moeda americana voltou a fechar em níveis recordes, nesta sexta-feira, após a confirmação da saída de Sérgio Moro do ministério da Justiça. Nesta sexta-feira, 24, o dólar comercial disparou 2,5% e encerrou cotada a 5,668 reais. Ao longo do dia, a divisa chegou a ser vendida por 5,743 reais. O dólar turismo subiu 4% e fechou próximo dos 6 reais, a 5,99 reais. 

O estopim para o pedido de demissão de Sergio Moro foi a exoneração de Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal. Em seu discurso de despedida do ministério, Sérgio Moro citou que a promessa de carta branca feita por Bolsonaro não estava sendo cumprida e que não havia motivos técnicos para a troca do comando, apenas razões políticas.

Sondada desde a tarde de ontem, sua saída foi mal vista pelos investidores. Para muitos deles, a saída de Moro pode intensificar ainda mais a tensão política no país, tendo em consideração o apelo popular do ex-juiz federal.

"O Bolsonaro foi eleito devido ao time técnico que montou. Agora, tudo que fez com que ele fosse eleito não está sendo cumprido. Não tem como manter investimentos em um país desse", disse Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

Sem perspectiva de aumento dos juros, André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, vê no dólar a principal saída para se investir contra o Brasil. "O mal estar não vai se revelar em juros mais altos no curto prazo, mas no dólar mais caro", disse.

A disponibilidade que o presidente Bolsonaro tem demonstrado em se desfazer de nomes fortes do governo tem feito o mercado se perguntar sobre o futuro do ministro da Economia, Paulo Guedes, no governo. Para Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, o "Plano Marshall", proposto pelo ministro da Casa Civil, Braga Netto, está fazendo uma "fritura" de Guedes, que se opôs ao projeto, que prevê gastos de 300 bilhões de reais em infraestrutura. "Esse plano só não tem o apoio dele [Guedes] como não é um plano. Não tem nem data definida, não tem nada", disse.

Apesar do cenário interno negativo, as moedas emergentes tiveram um dia misto, com algumas ganhando força contra o dólar e outras perdendo. Nos Estados Unidos, principal mercado do mundo, o tom foi positivo, após o Congresso ter aprovado o estímulo de 484 bilhões de dólares, que deve ser destinado a hospitais e pequenas empresas.

Assim como o dólar, o risco país também teve alta. De manhã, o credit default swap (CDS) - papel que funciona como um seguro contra o calote de países - era negociado a 330 pontos e, após o pedido de demissão de Moro, passou para 358 pontos. "O anúncio pega de surpresa o mundo inteiro, pois ele era um dos alicerces do governo. O aumento do CDS, a queda do Ibovespa e a alta do dólar mostram o desagrado do mercado. Fica no ar agora a situação de Paulo Guedes", diz Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset.

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