Câmbio: dólar avançava cerca de 1 cento ante o real nesta quinta-feira (Manit Plangklang / EyeEm/Getty Images)
Reuters
Publicado em 2 de maio de 2019 às 09h18.
Última atualização em 2 de maio de 2019 às 12h49.
São Paulo — O dólar avançava cerca de 1 cento ante o real nesta quinta-feira, 2, retornando de feriado e após o Federal Reserve sinalizar que não tem pretensão de fazer seu primeiro corte de juros em anos, contrariando algumas apostas.
Às 12h20, o dólar à vista tinha alta de 1,11 por cento, para 3,9666 reais na venda.
Na terça-feira, a divisa norte-americana caiu 0,49 por cento, a 3,9227 reais na venda. No mês de abril, o dólar acumulou alta de 0,19 por cento frente ao real.
O dólar futuro subia cerca de 1,2 por cento neste pregão.
O real tem o pior desempenho numa lista de 33 pares do dólar.
Em sua decisão de política monetária anunciada na quarta-feira, o Federal Reserve manteve, como era esperado, a taxa de juros no nível atual, mas surpreendeu investidores que trabalhavam com a possibilidade de um corte de juros ainda neste ano ao deixar claro que não há outra ação prevista que não a pausa já adotada.
O chairman do Fed, Jerome Powell, afirmou que não vê motivos para mudança nos juros, levando os mercados cambiais emergentes a enfraquecerem contra odólar nesta sessão.
"Com essas novidades, as reações nos mercados abertos na quarta-feira foram de quedas nas principais bolsas e viés levemente altista para o dólar, sendo a leitura predominante uma devolução de apostas pontuais por um corte ou por alguma sinalização de corte de juros no curto prazo", avaliou a corretora H.Commcor em nota, citando a movimentação no exterior da véspera, quando o mercado nacional permaneceu fechado por feriado.
No panorama doméstico, participantes do mercado seguem monitorando avanços na tramitação da reforma da Previdência, atualmente na comissão especial da Câmara dos Deputados.
Na terça-feira, o presidente da comissão, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), afirmou que ainda acertará um cronograma com partidos, mas que tem como base um horizonte de votação em junho no colegiado.
"Não tem nada (no doméstico), então ficamos vulneráveis ao cenário político, a alguma declaração que eventualmente pode trazer um desconforto. Como a comissão especial começa semana que vem, não tem o que fazer a não ser esperar", disse o operador de câmbio da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
O Banco Central vendeu nesta quinta-feira todos os 5,05 mil swaps cambiais tradicionais, correspondentes à venda futura de dólares, rolando assim 252,5 milhões de dólares de um total de 10,089 bilhões de dólares com vencimento em julho. O estoque de swaps do BC no mercado é de 68,863 bilhões de dólares.
O Ibovespa caía nesta quinta-feira, pressionando principalmente pelo declínio dos papéis da Vale e ajustes a movimentos de ações brasileiras listadas nos Estados Unidos na véspera, quando foi feriado no Brasil. O movimento também refletia frustrações de expectativas na véspera de sinalização de corte nos juros norte-americanos pelo Federal Reserve.
Às 11:50, o Ibovespa caía 0,74 por cento, a 95.639,61 pontos. O volume financeiro somava 3,5 bilhões de reais.
O Fed manteve os juros na faixa de 2,25 a 2,50 por cento na quarta-feira, como esperado, e o chairman do banco central norte-americano, Jerome Powell, disse que a posição de política é apropriada para o momento e que o Fed não vê argumento forte para se movimentar em outra direção.
Para o estrategista Dan Kawa, sócio na TAG Investimentos, tal sinalização não muda as expectativas de uma política monetária estável no horizonte relevante de tempo, mas reduzem a probabilidade das expectativas de queda nas taxas de juros, embutidas em alguns mercados.
Da cena doméstica, o noticiário em torno da reforma da Previdência continua no radar, particularmente a articulação política para o andamento da matéria, que é considerada por investidores crucial para a melhora da situação fiscal do país.
Estrategistas veem uma tramitação laboriosa do texto que muda as regras das aposentadorias, o que deve continuar adicionando volatilidade ao pregão em maio, principalmente informações sobre a potencial desidratação da proposta original do governo.
Mais cedo, a B3 divulgou a terceira e última prévia do Ibovespa que vai vigorar a partir de segunda-feira até 30 de agosto, confirmando as entradas dos papéis da Azul e do IRB Brasil, enquanto Log Commercial Properties foi excluída.
- VALE caía 2,5 por cento, em sessão negativa para ações de mineradoras também na Europa e tendo no radar notícia de que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ajuizou ação civil pública contra a companhia cobrando a reparação integral dos danos causados na tragédia de Brumadinho, na qual foi pedido que a mineradora seja obrigada a apresentar garantias financeiras da ordem de 50 bilhões de reais.(http://bit.ly/2GVEbye)
- PETROBRAS PN tinha queda de 1,55 por cento, em movimento alinhado ao declínio dos preços do petróleo no mercado externo. No feriado, a Chevron informou ter concluído a compra por 350 milhões de dólares da refinaria de Pasadena, no Texas, da Petrobras.
- CSN perdia 2,96 por cento, capitaneando as perdas entre papéis de empresas siderúrgicas, com USIMINAS em baixa de 0,7 por cento e GERDAU PN perdendo 1,13 por cento.
- CYRELA recuava 3,4 por cento, em sessão negativa para o setor imobiliário
- CCR subia 1,8 por cento, no segundo pregão de alta após divulgação do resultado trimestral, quando indicou interesse em expansão de negócios no Brasil e no exterior, além de afirmar que não prevê ter novas despesas significativas com acordos de leniência firmados com procuradores em São Paulo e no Paraná.
- KLABIN UNIT valorizava-se 0,5 por cento, após divulgar resultado trimestral antes da abertura do pregão, com alta de 32 por cento no Ebitda ajustado em relação ao mesmo período de 2018, para 1 bilhão de reais.
- BRADESCO PN cedia 0,2 por cento, enquanto ITAÚ UNIBANCO PN mostrava acréscimo de 0,6 por cento.