Dólar: operadores aguardam novidades sobre as negociações entre EUA e China (Thomas Trutschel/Getty Images)
Reuters
Publicado em 25 de junho de 2019 às 09h33.
Última atualização em 25 de junho de 2019 às 14h32.
São Paulo — O dólar tem leve alta ante o real nesta terça-feira, com operadores atentos à retomada das discussões sobre a reforma da Previdência na comissão especial da Câmara e à espera de novidades sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China.
O ganho moderado do dólar se dava num dia em que o Banco Central fez nova rolagem de contratos de swap cambial e realizou uma operação extraordinária de venda de dólar com compromisso de recompra, com injeção líquida de 1 bilhão no sistema.
Às 12:39, o dólar avançava 0,14%, a 3,8317 reais na venda.
O dólar futuro tinha variação positiva de cerca de 0,2%.
Agentes financeiros evitavam assumir grandes posições diante da retomada das discussões sobre o parecer do relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), na comissão especial da Câmara dos Deputados. Ao todo, segundo a Agência Câmara, 77 deputados estão inscritos para falar, fato que levanta temores sobre a possibilidade de atrasos na votação do texto.
Na véspera, o presidente do colegiado, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), disse que o ideal seria que os partidos que concordam com o parecer do relator evitassem apresentar destaques de bancada para acelerar o processo, mas reconheceu que "há pouca sensibilidade para isso".
"A expectativa ainda é de uma votação na quinta-feira, mas até o final do dia isso pode mudar, já que tudo depende de como essas falas vão ocorrer e se vai ter muito tumulto", afirmou Jefferson Laatus, sócio-fundador do Grupo Laatus.
No panorama externo, operadores monitoravam os desdobramentos das relações comerciais entre EUA e China, em semana marcada pelo início da cúpula do G20, onde líderes dos dois países devem se reunir para a retomada das negociações.
O encontro será o primeiro frente a frente entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping desde que as negociações comerciais colapsaram em maio, levando a um aumento das tarifas dos EUA sobre as importações de produtos chineses.
Na véspera, uma autoridade dos EUA disse que Trump considera o encontro nesta semana com o líder chinês uma chance para ver a posição chinesa na guerra comercial, e que o presidente norte-americano está "confortável com qualquer resultado".
"Todos estão aguardando para ver como será o desenvolvimento dessas discussões. Trump está tentando passar uma mensagem positiva, mas sempre existe um pé atrás, dado o histórico de imprevisibilidade dele", acrescentou Laatus.
A terça-feira contou ainda com venda de 1 bilhão de dólares em operação de linha de dólar com compromisso de recompra. O anúncio do leilão ocorreu num dia de forte alta do cupom cambial --taxa de juros em dólar que serve como referência para a percepção de liquidez no mercado.
Com a operação desta terça-feira, o estoque total de linhas de dólar do BC com compromisso de recompra subiu para 14,025 bilhões de dólares.
Na semana passada, o Banco Central já havia vendido um total de 4 bilhões em linhas de dólares com compromisso de recompra, visando rolar o vencimento 2 de julho (3,375 bilhões de dólares).
O Ibovespa recuava nesta terça-feira, após quatro sessões de alta e fechamento recorde na véspera, com bolsas nos Estados Unidos em queda em meio à expectativa da reunião entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, em cúpula do G20 no final de semana.
Às 11:44, o Ibovespa caía 0,69 % o, a 101.355,5 pontos. O volume financeiro era de 4,6 bilhões de reais.
No cenário interno, após divulgação de ata da reunião do Copom, que indicou que o PIB deve ficar próximo da estabilidade no segundo trimestre, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou a percepção de interrupção do processo de recuperação da economia, mas afirmou que o cenário da autoridade monetária é de retomada adiante de forma gradual.
O mercado também observa a retomada das discussões sobre a reforma da Previdência na comissão especial da Câmara. O presidente da comissão disse que o esforço que vem sendo feito é para aprovar o parecer do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) no colegiado nesta semana, mas fez a ressalva de que existem fatores que podem interferir nesta vontade.
No exterior, as bolsas abriram em queda com o mercado atento ao discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na tarde desta terça-feira, e ao encontro de Donald Trump com Xi Jinping, no G20, além de repercutir a escalada das tensões entre EUA e Irã.
"Os investidores devem ficar em 'modo de espera', no aguardo do discurso de Powell e da reunião sobre a disputa comercial na cúpula do G20", disse o analista Thiago Salomão, da Rico Investimentos.
Destaques
ITAU UNIBANCO PN apoiava a tendência negativa do índice, com queda de 0,2%. No setor, BRADESCO PN e BANCO DO BRASIL ON subiam 0,3% e 0,5%, respectivamente, e SANTANDER BR UNIT tinha alta de 0,13%. As ações da B3 lideravam as quedas na sessão, recuando 3,6 por cento. Na véspera, o presidente da comissão especial da reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou que parlamentares aliados ao governo não devem "forçar a barra" ao buscar alterar o parecer do relator Samuel Moreira (PSDB-SP), que inclui aumento da alíquota CSLL cobrada do setor financeiro.
VALE ON caía 0,8%, refletindo o recuo no minério de ferro. O contrato mais ativo do minério de ferro na bolsa de Dalian fechou em queda de 1,2%, a 798,5 iuanes por tonelada.
PETROBRAS ON desvalorizava-se 1,6% e PETROBRAS PN caía 1%, em meio aos planos do governo para abrir o mercado de gás no país e tensões internacionais entre os EUA e Irã.
B2W GLOBAL ON caía 0,15 por cento e a controladora LOJAS AMERICANAS PN tinha baixa de 0,12 por cento, após anunciarem na noite de segunda-feira que estavam estudando opções para maximizar os resultados com tecnologias de pagamento.
JBS ON avançava 2,4%, liderando a ponta positiva do Ibovespa, em meio a anúncios na imprensa de aumento de capacidade produtiva em unidade da companhia, de olho em atendimento ao crescimento da demanda do mercado chinês, cujo rebanho passa por impacto da crise de peste suína africana.