Dólar, comparado com uma cesta de moedas, atingiu seu maior valor desde maio (Stock/Getty Images)
Repórter colaborador
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 08h03.
O dólar atingiu seu maior nível em seis meses, enquanto os rendimentos do Tesouro americano saltaram de forma acentuada na terça-feira, com os investidores se concentrando no risco de um ressurgimento da inflação durante um segundo governo de Donald Trump.
O índice do dólar, que faz um rastreio em relação a uma cesta de moedas, chegou a subir 0,6% para seu nível mais alto desde maio. No fechamento das operações a valorização foi um pouco menor, de 0,4%, em relação à segunda-feira, segundo o Financial Times.
O índice do dólar compara a moeda norte-americana com o euro, o iene, a libra esterlina, o dólar canadense, a coroa sueca e o franco suíço Para a montagem da cesta de moedas, criada em 1973 pelo Federal Reserve, é importante saber o peso que cada uma delas tem no índice
Em termos práticos, como o índice possui a chamada “base 100”, as variações partem desse nível. Ou seja, se o dólar estiver 110, quer dizer que se valorizou 10% em relação à cesta. Por outro lado, se estiver 95, significa que se desvalorizou em 5%. Na terça, esse número estava em 105,950 - logo, uma valorização de quase 6% comparando com as moedas da cesta.
Não foi só o dólar que vem se valorizando desde a eleição de Trump.
O rendimento de títulos do Tesouro com prazo de 10 anos saltou para 4,42%, próximo às máximas atingidas imediatamente após a eleição da semana passada. O rendimento de dois anos, que é mais sensível às expectativas de taxas de juros de curto prazo, subiu para 4,34%.
Os investidores reduziram suas expectativas sobre a rapidez com que o Federal Reserve cortará as taxas de juros desde a vitória de Trump. Eles temem que as tarifas agressivas que o republicano promete impor a produtos estrangeiros, principalmente da China, possam aumentar os preços ou que cortes de impostos e outras políticas pró-crescimento causem superaquecimento da economia.
Além disso, especialistas ouvidos pelo FT estão preocupados que empresas europeias podem sofrer um golpe duplo com as novas tarifas dos EUA: prejudicaria as exportações da Europa como um todo e poderia ver a região "inundada" com importações baratas, principalmente da China, atingindo as empresas nacionais, especialmente as montadoras.
Os mercados futuros na terça-feira estavam precificando cerca de 62% de chance de o Fed anunciar um terceiro corte consecutivo na taxa de juros em sua próxima reunião de dezembro, abaixo dos e 81% registrados antes da eleição da semana passada.
Um sinal de como poderá ser a velocidade no corte dos juros pelo Fed virá já nesta quarta de manhã, quando o Bureau of Labor Statistics publicará seu relatório de inflação de preços ao consumidor.