Dólar: sucessão de Powell aumenta incertezas e pressiona câmbio (Jason Dean/Getty Images)
Redatora
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 07h21.
O dólar acumula queda de 9,4% em 2025 e deve seguir pressionado. Segundo analistas ouvidos pela Barron’s, a política monetária do Federal Reserve está no centro das atenções, com expectativa de corte de 0,25 ponto percentual na reunião de 17 de setembro e possibilidade de dois ajustes ao longo do ano.
A expectativa de mudança na presidência do Fed também aumenta o clima de incerteza. O mandato de Jerome Powell termina em maio de 2026 e já há disputa política sobre sua sucessão, o que levanta dúvidas sobre a independência do banco central.
O presidente Donald Trump tem pressionado por cortes mais agressivos e criticado Powell por manter os juros elevados.
Powell deve defender a política da instituição no simpósio de Jackson Hole, na sexta-feira, 22, em meio à pressão da Casa Branca por cortes mais agressivos. O Tesouro americano, sob comando de Scott Bessent, defende uma redução de 0,5 ponto percentual, embora o mercado precifique apenas 0,25 ponto na próxima reunião.
A queda do dólar no início do ano foi abrupta, resultado das tarifas comerciais e da retórica da Casa Branca, segundo Jens Nordvig, CEO da Exante Data. Ele avalia que a tendência de enfraquecimento deve continuar, mas em ritmo mais gradual.
O movimento ganhou força após o chamado “Dia da Libertação”, em 2 de abril, quando Donald Trump anunciou novas tarifas, levando investidores a reduzir a exposição ao dólar e a reforçar proteções sobre ativos nos EUA.
Nesse cenário, o euro já acumula valorização de 13% frente à moeda americana em 2025. Para Marc Chandler, estrategista-chefe da Bannockburn Global Forex, o dólar ainda pode cair mais 5% neste ano, com a possibilidade de desvalorização de até 10% caso o Federal Reserve acelere os cortes de juros.
A expectativa de enfraquecimento também é reforçada pelos sinais de desaceleração do mercado de trabalho. Em julho, os EUA criaram apenas 73 mil vagas, com revisão negativa de 238 mil postos em meses anteriores — um quadro que pode levar o Fed a priorizar o emprego em relação à inflação.