"Nossa moeda está um pouco mais forte (que outras divisas de exportadores de commodities), mas isso acontece porque também teve uma desvalorização um pouco mais forte recentemente", comentou à tarde um operador da mesa de câmbio (Susana Gonzalez/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2013 às 17h05.
São Paulo - Após um leve recuo na sessão da véspera, o dólar voltou a registrar perdas ante o real nesta terça-feira, 23, na esteira do movimento internacional. Na maior parte do dia, a moeda norte-americana manteve-se em baixa em relação ao euro e a divisas de países ligados a commodities, como o Brasil. Internamente, a trajetória foi até um pouco mais intensa, o que fez o dólar encerrar em queda de 0,54% no balcão, cotado a R$ 2,2240. Em julho, a baixa acumulada é de 0,31% e, no ano, a valorização alcança 8,75%.
Na máxima, a cotação atingiu R$ 2,2410 (+0,22%) e, na mínima, marcou R$ 2,2140 (-0,98%). Perto das 16h30, a clearing de câmbio da BM&F registrava giro financeiro de US$ 1,76 bilhão. O dólar pronto na BM&F teve baixa de 0,49%, a R$ 2,2210, com apenas cinco negócios. No mercado futuro, o dólar para agosto valia R$ 2,2270, em queda de 0,51%.
Apesar de abrir em leve alta, o dólar passou a recuar logo cedo, sob a influência do exterior. Profissionais disseram que, com a moeda à vista perto dos R$ 2,40, exportadores aproveitaram para internalizar recursos. "Tivemos ordens de entrada de exportação, aproveitando a moeda mais alta", comentou Luiz Carlos Baldan, diretor da Fourtrade.
Com a moeda norte-americana em baixa, os importadores também apareceram. Segundo João Paulo de Gracia Corrêa, gerente de câmbio da Correparti Corretora, sempre que o dólar se aproxima dos R$ 2,21, os importadores aproveitam para comprar, em meio à percepção de que a moeda não recuará para abaixo de R$ 2,20, considerando o atual cenário. O movimento ajudou o dólar a permanecer perto dos R$ 2,22, embora a moeda tenha recuado mais do que no exterior.
"Nossa moeda está um pouco mais forte (que outras divisas de exportadores de commodities), mas isso acontece porque também teve uma desvalorização um pouco mais forte recentemente", comentou à tarde um operador da mesa de câmbio de um banco.
Neste pregão, o Banco Central (BC) permaneceu fora dos negócios. Nas três sessões anteriores, o BC havia feito um leilão de swap cambial por dia, em operações equivalentes à venda de dólares no mercado futuro. Profissionais disseram que as operações, para rolagem de contratos que vencem em 1º de agosto, devem continuar, para evitar que, com a virada do mês, recursos sejam retirados do sistema - o que traria pressão de alta.
Pela manhã, o BC informou que o déficit nas transações correntes do País somou US$ 3,953 bilhões em junho, melhor que o intervalo previsto pelos economistas, de déficit entre US$ 4,2 bilhões e US$ 6,1 bilhões. No acumulado de janeiro a junho, o déficit em conta corrente soma US$ 43,478 bilhões, o equivalente a 3,82% do Produto Interno Bruto (PIB). No acumulado dos últimos 12 meses até junho, o saldo está negativo em US$ 72,465 bilhões, o que representa 3,17% do PIB.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, informou que o fluxo cambial em julho, até o dia 19, está negativo em US$ 2,484 bilhões. Os bancos permaneciam na posição comprada no mercado à vista, com saldo de US$ 570 milhões - em junho, porém, as instituições tinham encerrado o mês bem mais compradas, em US$ 3,063 bilhões. No ano, até o dia 19, o fluxo está positivo em US$ 7,051 bilhões.