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Dólar cai com ajuda de cenário externo, mas fecha acima de R$ 5,70

Em semana de corte de juros, moeda americana subiu 5,56%; alívio de tensão entre EUA e China e dados americanos impulsionaram mercados

Dólar cai 1,7% e encerra cotado a 5,7401 reais (Gary Cameron/Reuters)

Dólar cai 1,7% e encerra cotado a 5,7401 reais (Gary Cameron/Reuters)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 8 de maio de 2020 às 17h03.

Última atualização em 8 de maio de 2020 às 17h38.

Depois de bater a máxima histórica no pregão anterior, o dólar fechou em queda contra o real, nesta sexta-feira, 8, em linha com o movimento global de desvalorização da moeda americana, que reflete o maior apetite por risco nos mercados internacionais. Por aqui, o dólar comercial caiu 1,7% e encerrou cotado a 5,7401 reais, enquanto o dólar turismo recuou 0,3%, a 6,06 reais.

O bom humor dos investidores passa pela melhora da relação entre China e Estados Unidos. Após um telefonema realizado de madrugada, os dois países reafirmaram a intenção de manter a primeira fase do acordo comercial. O acordo, selado em janeiro, vinha sendo objeto de desconfiança no mercado, com a recente escalada de tensões sobre a origem do coronavírus covid-19. 

Rafael Panonko, analista da Toro Investimentos, vê com otimismo a aproximação entre China e Estados Unidos. "Quando o presidente Donald Trump acusou a China de ter criado o vírus e ameaçou retaliar com tarifas, para o investidor que acompanha a economia, foi um sinal de que ele iria rasgar o acordo de janeiro e começar uma nova guerra comercial",  afirmou

O payroll dos Estados Unidos, divulgado nesta manhã, também contribuiu para o tom positivo nos mercados. Embora tenham sido um dos piores da história, os dados oficiais de emprego referentes ao mês de abril vieram melhores do que as expectativas. O relatório apontou para o fechamento de 20,5 milhões de postos de trabalho. A taxa de desemprego saltou para 14,7%, mas ficou abaixo dos 16% esperados.

“Nem mesmo a deflação de 0,31% do IPCA de abril, bem acima da expectativa do mercado [de 0,24%], foi capaz de alterar a trajetória da moeda”, disse Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. A deflação, que mostra que a alta do dólar não está tendo impactos inflacionário, fez o mercado elevar as apostas para um novo corte de 50 pontos base, segundo Ribeiro.

Apesar da valorização do real, o clima no mercado de câmbio ainda é tenso, tendo em vista a recente disparada do dólar. Na semana, a moeda americana subiu 5,56%.

Ontem, 7, mesmo com o cenário externo positivo, a moeda americana voltou a fechar em níveis recordes no Brasil, impulsionada pela queda da taxa básica de juros Selic para 3% ao ano e pela sinalização de novos cortes.

“Já tinha comentado que a moeda caminhava a passos largos em busca dos 6 reais e volto a ratificar a minha opinião. Espero estar enganado, pois o dólar nestes níveis não é bom para ninguém”, escreveu, em relatório, Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti. 

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