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Dólar abre em alta após decisão do Copom

O ajuste positivo ante o real reflete a insatisfação de alguns agentes financeiros com a alta de 0,25 ponto porcentual da taxa Selic, na quarta-feira


	O dólar à vista abriu a R$ 2,009 (+0,45%) e, às 9h41, estava na máxima, a R$ 2,0150 (+0,75%)
 (Mark Wilson/Getty Images)

O dólar à vista abriu a R$ 2,009 (+0,45%) e, às 9h41, estava na máxima, a R$ 2,0150 (+0,75%) (Mark Wilson/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2013 às 10h34.

São Paulo - O mercado de câmbio doméstico abriu nesta quinta-feira, 18, com o dólar em alta, na contramão da queda exibida pela moeda dos Estados Unidos no exterior.

O ajuste positivo ante o real reflete a insatisfação de alguns agentes financeiros com a alta de 0,25 ponto porcentual da taxa Selic, na quarta-feira, 17, à noite, disse Jayro Rezende, gerente da mesa de derivativos da Caixa Geral de Depósitos.

Um operador de tesouraria de um banco confirmou que a valorização interna do dólar representa um ajuste ao Copom.

De acordo com os dois profissionais ouvidos pelo Broadcast, uma parcela expressiva de analistas e economistas do mercado estava posicionada para um aumento de 0,50 ponto porcentual da Selic e, como a expectativa foi frustrada, o mercado passou a testar níveis mais altos no câmbio.

"Mas a alta do dólar ante o real está exagerada, em comparação com o recuo da divisa dos EUA em relação a outras moedas correlacionadas a commodities no exterior", avalia Rezende, ressaltando que o mercado pode estar testando o Banco Central já que o fluxo cambial em abril até o dia 12 está negativo em US$ 3,002 bilhões.

O último leilão de swap cambial - equivalente à venda de dólares no mercado futuro, ocorreu quando o dólar à vista atingiu R$ 2,0280 em 27 de março.

O dólar à vista abriu a R$ 2,009 (+0,45%) e, às 9h41, estava na máxima, a R$ 2,0150 (+0,75%). No mercado futuro, nesse horário, o dólar para maio de 2013 subia a R$ 2,0185 (+0,65%), após testar uma máxima a R$ 2,0215 (+0,80%) e uma mínima em R$ 2,0115 (+0,30%).

Com placar dividido, o Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) de 7,25% para 7,50% ao ano. A decisão ocorreu um dia depois de a presidente Dilma Rousseff garantir que vai atacar sistematicamente a inflação e que, "qualquer necessidade" de aumento de juros, será "em um patamar bem menor" do que no passado.


A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) também Vio uma semana após o índice oficial de inflação, o IPCA, ultrapassar o limite de tolerância de 6,5%.

"O Comitê avalia que o nível elevado da inflação e a dispersão de aumentos de preços, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência e ensejam uma resposta da política monetária", disse o BC no comunicado da decisão.

Dois dos oito membros do comitê votaram pela manutenção dos juros, os diretores Aldo Mendes (Política Monetária) e Luiz Awazu Pereira da Silva (Assuntos Internacionais). No comunicado, o BC disse também que "incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária seja administrada com cautela."

O desempenho interno do dólar contrasta com a leve queda do dólar ante o euro e as principais moedas correlacionadas a commodities no exterior.

Lá fora, pesa sobre a formação de preço das moedas a expectativa de que o governo da China poderá anunciar novas medidas de estímulo para aumentar o consumo e sustentar a economia.

Além disso, o resultado financeiro do Morgan Stanley, nos Estados Unidos, contribui com o ambiente favorável. O banco de investimentos reportou que saiu de prejuízo para lucro por ação de US$ 0,49 no 1º trimestre do ano.

Na zona do euro, o Parlamento italiano não conseguiu eleger um novo presidente na primeira rodada de votação realizada nesta quinta-feira, 18, já que a maioria de dois terços para a escolha não foi alcançada.


Na primeira votação, a candidatura do ex-presidente do Senado e ex-líder sindicalista Franco Marini não conseguiu o apoio dos 672 votos necessários para a eleição.

O nome de Marini havia conquistado o apoio da centro-direita e da centro-esquerda na noite de quarta-feira. O Parlamento italiano vai votar novamente nesta tarde, quando a escolha também vai depender do apoio de dois terços dos parlamentares.

Na China, o jornal estatal Shanghai Securities News ofereceu poucos detalhes sobre as novas medidas de estímulo que estariam sendo analisadas para aumentar o consumo e sustentar a economia.

Mas a publicação deixou a entender que o governo chinês não deverá fazer o anúncio de um significativo pacote de políticas semelhante ao programa de 4 trilhões de yuans anunciado anteriormente para combater a crise financeira global.

Em vez disso, qualquer medida a ser anunciada deverá ser menor e mais focada, como um programa de subsídios para aumentar as compras de eletrodomésticos em áreas rurais.


Um programa similar foi estabelecido de 2009 a 2012. O Conselho Estatal também destacou a necessidade do desenvolvimento de infraestrutura urbana e de transportes. Economistas acreditam que projetos de investimento dos governos locais devem fornecer maior apoio ao crescimento em 2013.

Os indicadores chineses divulgados na quarta-feira, 18, à noite foram positivos. A China atraiu US$ 12,4 bilhões em investimento estrangeiro direto (IED) em março, uma alta de 5,65% ante o mesmo mês do ano anterior, afirmou o ministério do Comércio em um comunicado.

Já o mercado imobiliário do país registrou um aumento na média de preços de imóveis residenciais em 70 cidades em março, apesar das medidas de aperto do governo para o setor, segundo dados do Departamento Nacional de Estatísticas da China (NBSC, na sigla em inglês).

Em Nova York, às 9h48, o euro estava em US$ 1,3066, de US$ 1,3033 no fim da tarde de ontem. O dólar era cotado a 98,31 ienes, ante 98,11 ienes na véspera. A moeda dos EUA recuava ante o dólar australiano (-0,15%), o dólar canadense (-0,17%), a rupia indiana (-0,41%) e o peso mexicano (-0,30%).

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