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Dólar a R$ 5,87. O que explica a disparada da moeda nesta sexta-feira?

Divisa americana registra o maior nível desde 13 de maio de 2020, quando a moeda fechou em R$ 5,901; três fatores explicam a alta

Dólar: moeda bate maior alta desde maio de 2020 (Stock/Getty Images)

Dólar: moeda bate maior alta desde maio de 2020 (Stock/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 1 de novembro de 2024 às 15h59.

O primeiro dia do mês de novembro é marcado por uma agitação no mercado, com o dólar comercial alcançado a cotação de R$ 5,871 na máxima do dia - o maior nível desde 13 de maio de 2020, quando a moeda fechou em R$ 5,901.

Um combo de fatores levaram a divisa americana a essa alta: risco fiscal no Brasil, payroll frustrante nos Estados Unidos e Índices de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial americano bem abaixo do esperado.

O consenso do mercado esperava que o payroll de outubro mostrasse a criação de 100 mil vagas de emprego em outubro, enquanto o Departamento do Trabalho divulgou a criação de apenas 12 mil vagas no setor privado não agrícola.

Em um primeiro momento, a fraca oferta de novas vagas fez a bolsa brasileira subir e o dólar cair, na esteira da forte queda dos treasuries de 10 anos dos EUA, que despencaram 1,43%, chegando em 4,224% na mínima do dia.

Entretanto, ao observar a taxa de desemprego divulgada junto com o payroll, os ânimos do mercado se acalmaram. Isso porque o dado se manteve estável, em 4,1%, nos EUA, o que mostra que o mercado de trabalho ainda está aquecido e fortalece a tese de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) irá cortar os juros em menor ritmo - 0,25 pontos percentuais).

Somado a isso, pela manhã, às 11h45, houve a divulgação do PMI industrial de outubro para os EUA. Na análise do ISM Chicago, o PMI industrial caiu a 46,5 em outubro, ante o consenso de 47,6. O PMI é um dos indicadores mais importantes ficando apenas atrás do índice de inflação dos EUA.

“Como ele veio abaixo da estimativa gerou uma incerteza grande em relação à economia dos EUA, pois ele é uma média ponderada da indústria e sinaliza se haverá um aquecimento na economia ou desaceleração”, diz Lucélia Freitas Aguiar, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

Mas, apesar dos dados americanos, Paula Zogbi, gerente de research e head de conteúdo da Nomad, reitera que eles não justificam a movimentação da taxa de câmbio brasileira, que está entre os piores desempenhos do dia. A saúde fiscal do Brasil é o principal fator de risco para o câmbio e os ativos brasileiros atualmente.

O mercado aguarda com ansiedade o anúncio do pacote de gastos fiscais pelo governo e a demora em detalhar as medidas (e o tamanho), explica o mau humor dos investidores. Isso porque era esperado que o anúncio ocorresse depois das eleições municipais. Entretanto, ele deve ser adiado em mais uma semana, visto que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), estará em viagem pela Europa durante os próximos dias.

Por fim, a proximidade das eleições americanas, na terça-feira, 6, também pesa. “Esse momento adiciona volatilidade ao mercado, dado as perspectivas para potenciais políticas fiscais expansionistas dos candidatos que poderiam fortalecer a moeda” comenta Zogbi.

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