Dólar: moeda americana opera em alta contra o real nesta quarta-feira (Stock/Getty Images)
Repórter de Invest
Publicado em 27 de novembro de 2024 às 16h01.
Última atualização em 27 de novembro de 2024 às 17h22.
O dólar comercial alcançou uma nova máxima histórica nesta quarta-feira, 27. A moeda subiu 1,80% e fechou cotada a R$ 5,912, sua maior máxima nominal.
O recorde anterior, de R$ 5,9007, havia sido registrado em 13 de maio de 2020, em meio à pandemia de Covid-19.
O movimento da moeda acompanhou novas dúvidas sobre o pacote fiscal e uma possível ampliação na isenção no imposto de renda.
Após semanas de especulação, o governo confirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fará pronunciamento ainda hoje, às 20h30, para anunciar os cortes de gastos propostos pelo governo. A expectativa inicial era de que as medidas gerassem uma economia de cerca de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões em 2025 e até R$ 40 bilhões em 2026.
O que preocupa o mercado é a possibilidade de que os cortes de gastos sejam acompanhados da isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo e confirmada pela EXAME.
Do lado dos investidores, o temor é que a medida minimize os efeitos do aperto fiscal. "Essa sinalização é bastante ruim nesse momento em que todo mundo aguarda o relatório com um anúncio de corte de gastos. O que vem é justamente o contrário, com redução de arrecadação", explica Cristiane Quartaroli economista chefe do Ouribank. "A alta do dólar ela respondeu muito a essa questão, ainda que não se saiba se ela será efetivada. Trouxe bastante a versão ao risco para o mercado."
Promessa de campanha de Lula, a elevação da faixa de isenção do imposto de renda tem forte apelo popular e pode ser uma forma de atenuar o desgaste político do ajuste. Entre as medidas impopulares, estariam a trave imposta ao reajuste do salário mínimo.
“Se já havia dúvidas sobre a efetividade do pacote de corte de gastos em segurar a trajetória da dívida pública, agora com o possível anúncio de receita menor devido à isenção de IR o cenário tende a piorar bastante. A conferir as medidas anunciadas mais tarde, mas as expectativas deterioram-se bastante", avaliou Felipe Reis, analista da EQI Research.