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Do otimismo a uma perda de US$ 700 bi: bancos globais sentem os efeitos das tarifas de Trump

HSBC e Standard Chartered estão entre os mais expostos à guerra comercial, por suas relações com a Ásia; mas nem mesmo gigantes como JP Morgan e Goldman Sachs passam incólumes

HSBC (Joshua Lawrence/Unsplash)

HSBC (Joshua Lawrence/Unsplash)

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 8 de abril de 2025 às 10h01.

No começo do ano, os bancos americanos eram apontados como um dos principais favorecidos pela eleição de Donald Trump. A expectativa de cortes de impostos associados à desregulamentação da economia deveria favorecer os negócios,  uma ótima notícia para quem faz dinheiro na intermediação.

Fast forward para o começo de abril e... deu tudo errado. Os cortes de impostos não vieram — as tarifas sim e os grandes bancos do mundo estão perdendo valor de mercado em ritmo alarmante.

Na esteira da guerra comercial promovida pelo presidente Donald Trump, as grandes instituições financeiras perderam pelo menos US$ 700 bilhões em valor de mercado na última semana, segundo análise da Bloomberg. Os números consideram a oscilação do valor de mercado até o fechamento dos pregões na segunda-feira, 7.

Mesmo com os serviços financeiros ainda fora da linha de frente da guerra tarifária, os reflexos já se espalham pelo setor bancário. O HSBC, com forte presença na Ásia, viu seu valor encolher em quase US$ 30 bilhões, diante do temor de que suas operações na região estejam entre as mais vulneráveis ao conflito comercial entre EUA e China.

Segundo a Bloomberg Intelligence, HSBC e Standard Chartered são os dois bancos europeus mais expostos ao embate comercial. O foco nas operações de financiamento ao comércio em mercados asiáticos os torna altamente sensíveis às decisões tarifárias de Washington.

As tarifas mais pesadas, que chegam a 46% para produtos vindos do Vietnã, podem frear o crescimento da região e comprometer a rentabilidade dessas instituições. O Standard Chartered, por exemplo, gerou 60% da receita de seu banco corporativo e de investimento com transações entre fronteiras — um modelo que agora está em xeque.

Recessão no radar

Nem mesmo gigantes de Wall Street, como JPMorgan e Goldman Sachs, ficaram de fora. Na segunda-feira, as ações do JPMorgan oscilaram fortemente após o CEO Jamie Dimon alertar que o banco pretende reter uma parcela maior dos lucros — em vez de devolvê-los aos acionistas — diante dos riscos enfrentados pela economia global.

“Sempre esperamos o melhor, mas estamos preparados para uma gama completa de resultados”, escreveu Dimon em sua carta anual aos investidores.

Outro sinal claro de deterioração veio do Goldman Sachs, cujas ações estão sendo negociadas com um desconto inédito em relação ao preço-alvo de analistas — a maior diferença em pelo menos uma década.

O banco é particularmente afetado porque depende mais de atividades como IPOs e fusões e aquisições, que tendem a ser adiadas ou canceladas em períodos de incerteza. Analistas do Morgan Stanley já rebaixaram a recomendação para as ações do Goldman.

O risco de recessão nos EUA ainda este ano, impulsionado pelas tarifas e pela inflação persistente, é outro desafio para o setor bancário. Bancos americanos, como Bank of America, Citigroup e o próprio JPMorgan, podem ser obrigados a reforçar provisões diante de um aumento na inadimplência.

A temporada de resultados do primeiro trimestre, que começa nesta sexta-feira, será o primeiro teste real para as instituições financeiras. E a turbulência, segundo os próprios executivos, parece estar longe de acabar.

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