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Do copo ao app: a mudança da Ambev de indústria para plataforma de marcas e tecnologia

Campeã por dez vezes do MM, fabricante de cervejas tem apostado cada vez mais em suas frentes digitais

Ambev: empresa está entre as maiores vencedoras do MM (Germano Lüders/Exame)

Ambev: empresa está entre as maiores vencedoras do MM (Germano Lüders/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 6 de julho de 2023 às 19h35.

Última atualização em 6 de julho de 2023 às 19h42.

Com 60% do mercado de cerveja, a Ambev quer ser, cada vez menos, uma cervejaria. O objetivo é ser uma plataforma de bebidas, que integra em si não só marcas mas também tecnologia. "A gente não é a Alibaba que só tem a plataforma nem a Nestlé que só tem as marcas", disse o CEO da Ambev, Jean Jereissati, em agosto de 2022 no Ambev Tech & Cheers, seu evento de tecnologia.

De 2017 para 2022, as vagas para o setor de tecnologia passaram de mil para 5 mil postos, intensificando a aposta da empresa, vencedora do MELHORES E MAIORES por dez vezes, em outras frentes para além da indústria. A exemplificação dessa crença está especialmente no aplicativo para venda ao consumidor final, Zé Delivery, e no Bees, plataforma digital com marketplace de produtos e serviços para bares, restaurantes e pequenos varejos.

O Zé Delivery atende mais de 4 milhões de consumidores mensalmente. Atualmente, a área de cobertura do Zé contempla mais de 300 cidades e teve 15 milhões de pedidos no terceiro trimestre. Em dias de jogos de futebol, por exemplo, o número de pedidos no Zé costuma aumentar mais de 15%. 

Já o Bees, diz Jereissati, tem permitido à empresa ficar mais próxima de seus clientes: os bares e restaurantes. O atendimento que não passava de 7 minutos por promotor de venda em cada estabelecimento comercial passou a ser de 28 minutos depois da plataforma, com o vendedor tendo mais papel de consultor.

“A gente fez uma aposta bastante certeira em digitalização e, com isso, a gente acelerou o Bees e hoje já garantimos entregas para os pontos de venda em até um dia útil, para 5,3 mil cidades no Brasil (95% do território nacional), com 98% de cumprimento de prazo com nossos clientes no B2B”, conta. 

Atualmente, mais de 1 milhão de pontos de venda compram no Bees. O aplicativo vende bebidas da companhia e reúne em um marketplace produtos de mais de 40 outras indústrias, entre elas BRF, Pernod Ricard, Mondeléz International, Piracanjuba, GPA, dentre outras.

Convencimento do mercado

Passado o boom de vendas de cerveja durante a pandemia, a Ambev já vê os volumes crescendo menos, mas tem conseguido melhorar suas margens.

No primeiro trimestre de 2023, o cenário macroeconômico mais deteriorado nos países da América do Sul e da América Central e Caribe levou a cervejaria a reportar queda de 0,4% no volume total (44 milhões de hectolitros), mesmo com estabilidade do volume de cerveja no Brasil e crescimento em bebidas não alcoólicas e nas operações no Canadá.

Os primeiros três meses da Ambev foram de menos expansão e mais retorno à rentabilidade, embora os custos de alumínio e cevada ainda tenham surpreendido e pressionado negativamente. No período, o lucro líquido da companhia avançou 8,2%, para R$ 3,82 bilhões, ou R$ 3,70 bilhões, se considerado o lucro atribuído aos controladores.

Os analistas do Bank of America esperam resultados positivos do setor cervejeiro no segundo trimestre. De acordo com o relatório distribuído nesta quarta-feira, 5, os preços estão em alta em todos os segmentos, principalmente nas vendas no varejo, enquanto os custos estão em queda, impulsionados pelo fortalecimento do real e pela redução dos custos com alumínio. Essas tendências indicam um cenário favorável para as cervejarias brasileiras, em especial as líderes de mercado Ambev (ABEV3) e Heineken.

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