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Dívida dos EUA se mantém como valor refúgio, apesar do rebaixamento

Redução da nota pela S&P não abalou credibilidade dos títulos americanos

Bolsa de Nova York: os bônus do Tesouro são reforçados pelo estatuto do dólar de principal moeda de reserva mundial (Stan Honda/AFP)

Bolsa de Nova York: os bônus do Tesouro são reforçados pelo estatuto do dólar de principal moeda de reserva mundial (Stan Honda/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2011 às 11h48.

Paris - Em um mercado de ações em seu nível mais baixo em dois anos, os investidores seguem considerando os bônus do Tesouro americano como um valor refúgio, apesar do rebaixamento da classificação de crédito da maior economia mundial pela Standard and Poor's.

"Não vemos na degradação (da classificação da dívida) pela Standard & Poor's uma ameaça imediata para os bônus do Tesouro" americano, comentou a Briefing Research em uma análise sobre a situação dos mercados.

"As obrigações do Tesouro continuam sendo um valor refúgio", acrescentou o escritório, lembrando que também foi assim enquanto republicanos e democratas negociavam em Washington para aumentar o teto da dívida federal e evitar, no último minuto, um default dos Estados Unidos.

De fato, a alta na terça-feira das bolsas mundiais, após a queda da véspera, não mudou esta tendência.

Paradoxalmente, diante da inquietação pela desaceleração do crescimento econômico mundial e inclusive pelos temores de uma recessão nos Estados Unidos no segundo semestre do ano, as obrigações de Washington se confirmam como um valor seguro. Os bônus do Tesouro são, além disso, reforçados pelo estatuto do dólar de principal moeda de reserva mundial.

"O mercado de bônus do Tesouro americano se manterá de longe como o maior e o mais líquido do mundo, sem comparação, e como um refúgio relativamente seguro nestes tempos de tensões financeiras mundiais", explica Nigel Gault, da IHS Global Insight.

Poucos ativos podem ter este status: a onça de ouro, que nesta quinta-feira superou pela primeira vez os 1.800 dólares, e algumas moedas, como o franco suíço e o iene japonês.

A zona do euro, afundada em uma grave crise da dívida pública que forçou o resgate de três países (Grécia em duas ocasiões, Irlanda e Portugal), segue gerando desconfiança entre os investidores.

O Tesouro colocou na terça-feira 32 bilhões de dólares em obrigações a três anos, em sua primeira emissão de dívida após a degradação da nota de "AAA" para "AA+", que culminou com uma forte demanda e uma taxa em queda, de 0,5%.

A demanda foi de 105,2 bilhões de dólares, ou seja, 3,3 vezes superior à oferta, uma proporção que supera ligeiramente a dos últimos leilões de bônus a três anos.

Na emissão de quarta-feira, de 24 bilhões de dólares em bônus a 10 anos, a demanda foi 3,2 vezes superior à oferta. O rendimento exigido também caiu, a 2,14%, diante dos 3,21% na anterior emissão similar, de 11 de maio.

No mercado secundário, o rendimento dos títulos a 10 anos caiu na quarta-feira a 2,09%, o menor nível desde dezembro de 2008.

Na sexta-feira passada, antes da decisão da S&P de retirar dos Estados Unidos sua classificação "AAA", a melhor possível para um emissor de dívida, o rendimento do papel a dez anos era de 2,56%.

"A degradação da dívida americana não bloqueou o apetite dos chineses ou dos bancos centrais asiáticos pelos títulos do Tesouro americano", destaca o gabinete de análise Aurel BCG, informando que estes investidores representaram 47,9% dos compradores na emissão de terça-feira, a maior proporsão desde maio de 2010.

A decisão do Federal Reserve de manter por dois anos sua baixíssima taxa básica de juros, entre 0 e 0,25%, tranquilizou os mercados, acrescenta o gabinete, razão pela qual o problema da dívida "perde claramente força".

"O Estado federal poderá pedir emprestado com taxas de juros muito baixas, inclusive no caso de melhora do crescimento", explica.

"Se for necessário investir somas importantes, o mercado da dívida americana continua sendo o único" suficiente grande para receber a liquidez gerada pelos grandes países produtores de petróleo ou pelos grandes exportadores, resume Nicholas Colas, da ConvergEx.

"Um default do Japão, dos Estados Unidos ou de qualquer entidade soberana que disponha da capacidade de imprimir sua própria moeda parece pouco provável", segundo Briefing.

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