As secas na China e na Rússia ajuda no aumento da inflação nos emergentes (AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2011 às 12h42.
Londres - O aumento dos preços de alimentos e commodities tem levado o custo de proteção da dívida do Brasil, Rússia, Índia e China para o nível mais alto em quatro meses em relação às maiores economias do mundo.
O custo médio dos credit-default swaps atrelados à dívida dos países do BRIC saltou para 44 pontos-base acima dos swaps de países do Grupo dos Sete, segundo dados da CMA. O custo atual está acima dos 18 pontos-base, nível histórico de baixa, registrados em 5 de janeiro.
A elevação dos custos dos alimentos levou a problemas políticos no Egito e na Tunísia, provocando uma fuga recorde dos investidores de fundos de mercados emergentes. Esse cenário estimulou uma alta de mais de 10 por cento no custo de proteção da dívida do BRIC no mês passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os preços mundiais dos alimentos subiram para um recorde em janeiro, disse a Organização das Nações Unidas. Esta semana a China decidiu elevar o juro básico do país pela terceira vez desde meados de outubro.
“É muito elevado o risco dos países do BRIC e as economias emergentes sofrerem mais pressões inflacionárias”, disse Philip Gisdakis, estrategista do UniCredit SpA em Munique. “Pode ser um sinal de alerta para as autoridades de que a inflação, particularmente a de alimentos, é uma das preocupações das populações de baixa renda.”
Seca na China e Rússia
A pior seca em meio século na Rússia contribuiu para a alta dos preços dos alimentos, reduzindo o poder de compra de 2,8 bilhões de pessoas dos países do BRIC, que gastaram 19 por cento de seus salários com comida, contra 6 por cento nos Estados Unidos, segundo dados do Euromonitor International. O banco central da Índia prevê que a inflação no atacado dos alimentos deve se acelerar para 7 por cento no país até 31 de março, acima dos 5,5 por cento da projeção anterior.
A China, que tem registrado seca em algumas regiões do país, pode reduzir a produção de grãos. O país acompanhou Brasil, Índia, Indonésia, Tailândia e Coreia do Sul na elevação do juro básico este ano. As autoridades monetárias da Ásia tentam controlar a inflação na região que tem liderado a recuperação da economia global. Os países em desenvolvimento da Ásia cresceram 9,2 por cento no ano passado, contra 8,7 por cento dos BRIC e 2,6 por cento das nações desenvolvidas, segundo o Barclays Capital.