Mercados

Dívida do Brasil mais segura que belga sinaliza novo upgrade

A Moody's pode seguir decisão da Fitch e elevar rating dos títulos brasileiros

Otimismo começou com a promessa de Dilma Rousseff de cortar R$ 50,7 bi do Orçamento (Germano Lüders/EXAME)

Otimismo começou com a promessa de Dilma Rousseff de cortar R$ 50,7 bi do Orçamento (Germano Lüders/EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2011 às 08h41.

Nova York - Os títulos do Brasil estão sendo negociados em linha com países com nota de crédito até sete níveis maior no mercado de contratos de proteção contra calotes, os chamados credit default swaps, ou CDS. Esses negócios sinalizam que a melhora na classificação do País anunciada ontem pela Fitch Ratings será seguida por outras agências.

O custo para proteger os títulos brasileiros contra não-pagamento por cinco anos via CDS estava em 109 pontos-base ontem, ou 19 a menos do que contratos similares de proteção para a dívida do governo da Bélgica, que tem classificação de risco AA+, de acordo com preços da provedora de dados CMA. Os CDS brasileiros são negociados 38 pontos-base, ou 0,38 ponto percentual, abaixo dos de Israel, país com classificação de risco A, ou três níveis superior.

A Moody’s Investors Service pode seguir a Fitch e elevar a nota de crédito do Brasil até o fim de junho, diante do otimismo de que a promessa da presidente Dilma Rousseff de cortar o orçamento deste ano em R$ 50,7 bilhões vai fortalecer as finanças do País, disse Patrick Esteruelas, analista da Moody’s em Nova York. Nas quatro melhoras anteriores na classificação de risco brasileira, a Fitch e a Standard & Poor’s tomaram a mesma decisão com uma diferença média de 42 dias, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Uma série de indicadores até agora certamente nos deu algum conforto”, disse Esteruelas em entrevista por telefone. “Nós estaríamos considerando a possibilidade de elevar o Brasil em um nível ou potencialmente trazê-lo de volta para uma perspectiva positiva com a nota atual.”

Os títulos brasileiros denominados em dólar com vencimento em 2015 rendem 2,69 por cento, ou um ponto-base abaixo de papéis do governo da Bélgica em euros com prazo similar, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

‘Estabilidade’

A Fitch subiu a nota do Brasil em um nível para BBB, a segunda menor na escala de grau de investimento e um acima da classificação equivalente nas escalas da S&P e da Moody’s.

A Fitch melhorou a nota brasileira por causa de “vários fatores, incluindo maior estabilidade macroeconômica, além de um ciclo de investimento positivo”, disse Shelly Shetty, chefe de notas soberanas para América Latina da Fitch em Nova York, em entrevista por telefone.


A economia do País pode crescer 4,1 por cento este ano, após uma expansão de 7,5 por cento em 2010, o ritmo mais acelerado em mais de duas décadas, segundo a estimativa mediana de 14 analistas ouvidos pela Bloomberg. No mês passado, o Banco Central fez uma projeção de que o Brasil vai atrair o valor recorde de US$ 55 bilhões em investimento estrangeiro direto este ano, contra a previsão anterior de US$ 45 bilhões.

Os swaps brasileiros são negociados 13 pontos-base abaixo dos da Rússia, que também têm nota BBB pela Fitch, e 7 pontos- base abaixo da dívida sul-africana, com a nota superir de BBB+.

No preço

O Brasil “já estava sendo negociado em linha com BBB ou nota de crédito ainda maior”, disse Jeff Williams, estrategista de dívida de mercados emergentes do Citigroup Inc. em Nova York, em entrevista por telefone. “É o típico caso em que o mercado embute no preço as melhoras de nota antes da as agências de classificação de risco tomarem a medida.”

O custo para proteger a dívida brasileira contra o não- pagamento por cinco anos caiu 1 ponto-base ontem, para 109, de acordo com a CMA. Os contratos conhecidos como CDS pagam ao portador o valor de face em troca do ativo ou o equivalente em dinheiro, se o emissor não cumprir os acordos de dívida.

O prêmio que os investidores exigem para deter títulos em dólar do Brasil em vez de bônus do Tesouro americano caiu 2 pontos-base para 169, de acordo com o JPMorgan Chase & Co.

O dólar teve pouca variação ontem e fechou em R$ 1,6073.

‘Julgamentos diferentes’

A taxa dos contratos de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro de 2012 subiu 1 ponto-base para 12,16 por cento.
A S&P, que classifica o Brasil como BBB- e perspectiva estável, não será influenciada por outras agências de classificação, disse Joydeep Mukherji, diretor sênior para notas soberanas da América Latina.

“Não somos todos iguais”, disse Mukherji em entrevista por telefone. “É uma questão de julgamento. Pessoas razoáveis podem olhar para a mesma coisa e ter julgamentos diferentes. Temos uma perspectiva estável para a nota e tipicamente gostamos de sinalizar uma mudança de nota com uma mudança de perspectiva.”

O Ibovespa voltou a se aproximar dos 70.000 pontos, perdidos em janeiro, após o anúncio da Fitch. O principal indicador da bolsa brasileira encerrou em alta de 0,63 por cento, aos 69.704 pontos, a maior pontuação desde 19 de janeiro, quando o índice ainda valia mais de 70.000 pontos.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingDívida públicaMercado financeiroMoody'sRating

Mais de Mercados

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol

JBS anuncia plano de investimento de US$ 2,5 bilhões na Nigéria