Mercados

Divergências no Fed sobre compra de ativos agita mercados

Os pronunciamentos das autoridades do banco central surgem em um momento em que investidores estão cada vez mais sensíveis a sinais de alterações na política econômica

Ben Bernanke do Federal Reserve (REUTERS/Sergei Karpukhin)

Ben Bernanke do Federal Reserve (REUTERS/Sergei Karpukhin)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de fevereiro de 2013 às 21h16.

Nova York/Dallas - Duas autoridades de alto escalão do Federal Reserve, banco central norte-americano, sinalizaram apoio a uma redução gradual do programa agressivo de compra de ativos pela instituição, esquentando ainda mais um debate sobre por quanto tempo o Fed deve continuar com suas medidas extraordinárias para apoiar a economia.

Mas enquanto os presidentes regionais do Fed de St. Louis, James Bullard, e de Dallas, Richard Fisher, apoiando o argumento que favorece um maior aperto na política monetária, outro membro da instituição, conhecido por sua postura menos agressiva de combate à inflação, disse que o Fed deve continuar comprando bônus até pelo menos o segundo semestre deste ano.

As mais recentes declarações das autoridades do Fed reforçaram as evidências de divisões de longa data entre os 19 membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) da instituição.

Os pronunciamentos surgem em um momento em que investidores estão cada vez mais sensíveis a sinais de alterações na política econômica, e após a divulgação de dados nesta quinta-feira que indicaram que a economia norte-americana continua a enfrentar dificuldade para recuperar forças.

Os mercados financeiros estão alvoroçados com especulações sobre por quanto tempo o BC norte-americano vai continuar com seu programa de compra de ativos em um ritmo mensal de 85 bilhões de dólares. A compra de ativos pelo Fed resultou em uma enxurrada de liquidez que alimentou a demanda por ativos de maior risco em meio a um clima de taxas de juros ultrabaixas.

O índice Standard & Poor's 500 já subiu mais de 5 por cento neste ano e está operando perto de suas máximas em cinco anos. Os preços dos títulos do Tesouro dos EUA também foram ajudados pela compra de ativos, e a percepção de que são um porto seguro também tem sustentado os preços mesmo com o surgimento de dúvidas sobre por quanto tempo a aquisição de bônus continuará.

Fisher, que não tem direito a voto no Fomc neste ano, afirmou em entrevista à Reuters nesta quinta-feira que o Fed pode precisar reduzir o programa de compra de bônus, em vez de interrompê-lo imediatamente.

"Você afunila aos poucos", disse Fisher à Reuters em entrevista. "Se a economia continuar melhorando, eu pessoalmente esperaria que isso ocorresse em algum período neste ano", completou.


Fisher reconheceu o lento crescimento nos EUA, mas disse: "Devemos começar a reduzir isso à medida que o desemprego melhore e contanto que a inflação não se faça presente".

"Ninguém no comitê quer fazê-lo de maneira radical. O que queremos fazer é fazê-lo sensivelmente", acrescentou.

Presidente do Fed de St. Louis, Bullard, que tem direto a voto no Fomc neste ano, também expressou apoio a um recuo gradual.

"Uma melhora substancial do mercado de trabalho não chega de uma vez", afirmou. Isso sugere que, se o mercado de trabalho melhorar de alguma forma, o ritmo da compra de ativos pode ser reduzido de alguma forma, mas sem que tudo se encerre completamente." Enquanto isso, o presidente do Fed de San Francisco, John Williams, preferiu destacar a taxa de desemprego persistentemente alta ao expressar apoio nesta quinta-feira à continuidade das compras de ativos.

"O duplo mandato do Fed é buscar máximo emprego e estabilidade de preços. Não estamos conseguindo atingir ambas as metas", afirmou. "O desemprego está muito alto e a inflação está muito baixa." Williams, que não vota no Fomc neste ano, disse ainda que a economia dos EUA precisa de estímulos "fortes e contínuos".

Acompanhe tudo sobre:Ben BernankeEconomistasEstados Unidos (EUA)Fed – Federal Reserve SystemMercado financeiroPaíses ricosPersonalidades

Mais de Mercados

Banco Central anuncia leilão de linha com compromisso de recompra de até US$ 4 bilhões

CEO da Exxon defende que Trump mantenha EUA no Acordo de Paris

Ibovespa fechou em leve queda com incertezas fiscais e ata do Copom

SoftBank volta a registrar lucro trimestral de US$ 7,7 bilhões com recuperação de investimentos