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Divergência com Casino pressiona ação do Pão de Açúcar

A cotação foi para R$ 63,33, com queda de 4,197%

Pão de Açúcar afirmou ter conhecimento do pedido de arbitragem internacional, mas disse que não há nenhum fato que exija um posicionamento da empresa (Divulgação)

Pão de Açúcar afirmou ter conhecimento do pedido de arbitragem internacional, mas disse que não há nenhum fato que exija um posicionamento da empresa (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2011 às 13h57.

São Paulo - As ações do Grupo Pão de Açúcar recuavam mais de 4 por cento nesta terça-feira, após o grupo francês Casino entrar com pedido de arbitragem internacional contra a família Diniz, com quem divide o controle da maior varejista do Brasil.

O Casino alertou Abilio Diniz, presidente do Conselho de Administração do Pão de Açúcar, quanto a uma possível negociação de fusão com o rival Carrefour no Brasil às escondidas, afirmando que uma abordagem do tipo desrespeitaria um acordo de sócios existente.

Às 12h39, as ações do Pão de Açúcar caíam 4,197 por cento, cotadas a 63,33 reais, enquanto o Ibovespa subia 0,45 por cento.

A queda, segundo a analista Julia Monteiro, da Ativa Corretora, revelou o descontentamento do mercado quanto a uma possível divergência entre os controladores do Pão de Açúcar.

"Nunca é bom para uma empresa que dois controladores se oponham... Mas isso não deve ser um entrave para que o negócio (associação de Pão de Açúcar e Carrefour Brasil) aconteça", disse ela à Reuters.

Para Julia, a falta de detalhes sobre um possível acordo --se seria uma fusão, envolveria troca de ações ou endividamento-- também vem pesando sobre as ações do grupo brasileiro.

Na visão do Deutsche Bank, as ações do Pão de Açúcar devem continuar refletindo negativamente efeitos do descasamento de informações sobre uma possível negociação com o Carrefour Brasil.

"Esperamos que o atual desenrolar entre Casino e família Diniz continue pressionando a ação, por sinalizar ao mercado potencial tensão na relação entre os controladores", afirmaram os analistas do banco em relatório.

O Pão de Açúcar afirmou ter conhecimento do pedido de arbitragem internacional, mas disse que não há nenhum fato que exija um posicionamento do grupo enquanto empresa.

A assessoria de imprensa repetiu que não há negociação da companhia com o Carrefour, mas que não poderia se manifestar em nome da família Diniz.

Em 25 de maio, Abilio Diniz informou "que está sempre em busca de alternativas para o crescimento da companhia". Ele não mencionou o Carrefour e disse que não havia "nenhum fato ou ato que justificasse uma divulgação ao mercado".

O Deutsche Bank observa que, considerando o acordo de acionistas entre Casino e Abilio Diniz, o grupo francês tem o direito de substituir o presidente do Conselho de Administração do Pão de Açúcar em 2012. Dois anos depois, em 2014, Casino ou Diniz podem exercer uma opção envolvendo de 1 milhão de ações, o que mudaria a estrutura de controle da holding Wilkes.

Diniz e Casino criaram a Wilkes em 2005, por meio da qual controlam seus interesses no Pão de Açúcar. A Wilkes detém cerca de 66 por cento do poder de voto no Pão de Açúcar, além de indicar membros da diretoria e definir estratégias de forma unânime.


Abilio Diniz teria iniciado as negociações com o Carrefour por temer que o norte-americano Wal-Mart e a chilena Cencosud estivessem interessadas em comprar os ativos do grupo francês no Brasil, disse uma fonte à Reuters.

O Casino, que afirmou na semana passada não ter concedido aprovação para o início de conversas do Pão de Açúcar com o rival francês, quer que Diniz cumpra o acordo de acionistas que possui.

"O Casino arquivou em 30 de maio um pedido de arbitragem junto à Câmara Internacional de Comércio (ICC) contra o grupo de Diniz", afirmou a companhia francesa em comunicado.

O Casino exige que a família Diniz "cumpra e desempenhe suas obrigações previstas no acordo de acionistas de 27 de novembro de 2006, relacionado à holding criada por ambos, a Wilkes", segundo o documento.

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