São Paulo - A disparada do Ibovespa no início deste ano está chegando ao fim depois que as ações de consumo tornaram-se mais caras e os títulos públicos atrelados à inflação são uma opção “atraente”, de acordo com o quarto maior fundo de pensão do país.

O principal índice da bolsa paulista deve terminar 2012 entre 68.000 e 72.000 pontos, o que significa que a valorização até o fim do ano não será maior do que 8,5 por cento em relação ao fechamento de ontem, disse Jorge Simino, que administra R$ 20 bilhões como diretor de investimentos da Fundação Cesp, que é o fundo de pensão dos empregados da Cia. Energética de São Paulo.

“Se eu posso ter 8 por cento na bolsa, mas posso ganhar 8 por cento -- ou mesmo 7 ou 6 por cento -- na renda fixa, por que é que eu vou para a bolsa?” disse Simino em entrevista por telefone de São Paulo. “Se eu vou para a renda variável, o retorno tem que compensar a volatilidade.”

O Ibovespa acumulou uma alta de 17 por cento do início de janeiro até ontem, fechando a 66.384,76. O índice vem sendo impulsionado pelos cortes de juros, preocupações menores com a crise de dívida da Europa e dados econômicos que sinalizam uma recuperação nos Estados Unidos. Simino disse que o potencial para mais ganhos é limitado, com ações de produtoras de commodities com um desempenho inferior ao Ibovespa e papéis ligados ao consumo já atingindo seu valor máximo.

“Quando você olha para as empresas voltadas para o mercado interno, não dá para dizer que está extremamente caro, mas também não tem nenhuma pechincha”, disse ele.

Inflação

O índice MSCI Brazil/Consumer Discretionary, que acompanha ações de consumo, subiu 31 por cento desde o início do ano, o maior ganho entre dez setores. Já o índice MSCI/Brazil Materials, que segue as commodities, tem alta de 8,3 por cento no mesmo período. A varejista de vestuário Cia. Hering, que tem o melhor desempenho no Ibovespa este ano com alta de 48 por cento, é negociada a 21 vezes as estimativas de analistas para seu lucro por ação. A média dos componentes do Ibovespa é de 10,8 vezes.

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Apesar da rentabilidade de investimentos em renda fixa ter caído com os cortes de juros pelo Banco Central, títulos atrelados a índices de preços continuam atraentes por oferecerem proteção contra a inflação, disse Simino.

“Considerando a possibilidade de uma retomada mais forte da economia, uma aceleração da inflação não é uma hipótese totalmente descartada”, disse o investidor. “Papéis atrelados a índices de preços são interessantes porque oferecem uma proteção contra a inflação caso ela venha a repicar.”

Aumento em projeções

O Comitê de Política Monetária, liderado pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, aumentou o ritmo de cortes do juro básico na semana passada, baixando a Selic em 0,75 ponto percentual, para 9,75 por cento. O corte total desde agosto chega a 2,75 pontos percentuais, mesmo com economistas elevando suas previsões para a inflação.

A última pesquisa do BC com economistas mostra uma projeção de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo tenha alta de 5,5 por cento em 2013, um aumento em relação à estimativa de 5,2 por cento na semana anterior. A meta de inflação do país é de 4,5 por cento, com dois pontos percentuais de tolerância para cima ou para baixo.

Uma parcela de cerca de 73 por cento da carteira da Funcesp está investida em títulos do governo e 22 por cento em ações. Um dos fundos da Funcesp, o FIC FI Prev Mult 01, teve rentabilidade de 14,1 por cento em 2011, superando o desempenho de 96 por cento de seus pares, segundo dados compilados pela Bloomberg.