Redatora na Exame
Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 09h32.
Christopher Waller, diretor do Federal Reserve (Fed), defendeu a decisão do banco de manter estáveis as taxas de juros dos Estados Unidos.
"Se essa pausa no avanço da economia for temporária, como foi no ano passado, então um afrouxamento adicional da política monetária será adequado", disse Waller nesta terça-feira, 18, em um evento na Austrália. "Mas até que isso se confirme, sou a favor de manter a taxa de juros estável."
Na ocasião, o diretor do Fed minimizou o impacto das novas políticas do governo de Donald Trump. Para ele, elas adicionam um novo grau de incerteza econômica, mas não devem paralisar a atuação do banco central.
"Precisamos agir com base nos dados que chegam, mesmo quando estamos diante de grande incerteza sobre o cenário econômico", disse.
Quanto às tarifas impostas pelo presidente americano, Waller acredita que elas "vão aumentar apenas modestamente os preços e de maneira não persistente".
O Fed reduziu as taxas de juros americanas em um ponto percentual nos últimos meses de 2024, mas decidiu mantê-las inalteradas na reunião de janeiro.
A decisão foi vista como acertada após o índice de preços ao consumidor em janeiro registrar um aumento de 0,5% — o maior desde agosto de 2023.
Waller classificou essa alta como "ligeiramente decepcionante", mas enfatizou que as previsões para o índice de preços de gastos com consumo pessoal são menos alarmantes. A estimativa é que o indicador tenha alta de 0,25% em janeiro, sem considerar o preço de alimentos e energia.
O diretor do Fed afirmou que parece haver um padrão de dados de inflação mais elevados no começo do ano. Ele questiona se essa tendência pode indicar que os estatísticos não estão conseguindo corrigir completamente algumas flutuações sazonais em alguns preços. "Seja qual for o caso, os dados não estão apoiando uma redução na taxa de política neste momento", afirmou.
As preocupações do diretor ecoam uma declaração feita pelo presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, na segunda-feira, 17. Harker supõe que os ajustes sazonais estão tendo dificuldades para acompanhar a velocidade de mudança da economia. "Na última década, a inflação do IPC em janeiro surpreendeu para cima em 9 das 10 vezes", afirmou.