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Dia de tensão nos EUA tem emprego em agosto e ressaca das bolsas

Relatório de emprego em agosto deve confirmar perda de vigor da retomada, o que pode reforçar nova onda de correção nas ações

Tempestade pela frente? Pedestre caminha em frente à Bolsa de Valores de Nova York (Brendan McDermid/Reuters)

Tempestade pela frente? Pedestre caminha em frente à Bolsa de Valores de Nova York (Brendan McDermid/Reuters)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 4 de setembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 4 de setembro de 2020 às 06h10.

Investidores aguardam uma sexta-feira, 4, cheia de notícias nos Estados Unidos. A pergunta é se as ações das empresas, especialmente as de tecnologia, vão continuar a sofrer uma correção no dia seguinte à maior queda em Wall Street desde junho.

A economia real também deve trazer notícias de preocupação. O Departamento do Trabalho divulga às 9h30 (de Brasília) os dados de emprego em agosto, revelando a geração líquida de vagas e a taxa de desemprego. Projeções de mercado apontam para a criação de 1,4 milhão de empregos, o que, se confirmado, será o resultado mais baixo desde maio. Isso faria o desemprego ceder com menor força, de 10,2% em julho para 9,8%.

Tal resultado do emprego também confirmaria o temor de que a recuperação da economia americana começa a perder força a dois meses da eleição presidencial do país. E pode reforçar a onda vendedora que tomou conta dos mercados na quinta-feira.

"Certamente não é o início do fim, mas eu diria que estamos entrando em um dos períodos de maiores incertezas da história americana. E os mercados não gostam de incertezas", disse o bilionário investidor Bill Ackman, CEO da Pershing Square Capital, à Bloomberg.

Para Mohamed El-Erian, principal economista do grupo alemão Allianz, o movimento de queda pode estar apenas no começo se os investidores começarem a prestar mais atenção aos fundamentos das empresas. "Esse é o cabo-de-guerra que vai acontecer e que vai mostrar o DNA dos investidores", disse El-Erian à CNBC. Para o ex-CEO da Pimco, uma das maiores gestoras do mundo, o mercado pode "facilmente" cair mais 10%.

O principal elemento de incertezas são justamente as eleições em novembro, que podem tirar o republicano Donald Trump do poder e dar lugar ao democrata Joe Biden. Seria um resultado com potenciais implicações para as companhias na bolsa -- por causa de razões como mudanças na tributação que já foram sinalizadas pelo candidato democrata.

Na quinta, o índice Nasdaq recuou 4,96%, e o S&P 500 caiu 3,51%. Foi um forte tombo puxado pelas ações das grandes empresas de tecnologia, como Apple (-8%), Amazon (-4,63%), Facebook (-3,76%) e Tesla (-9,02%). Somente a Apple perdeu 180 bilhões de dólares em valor de mercado em um único dia, o equivalente à soma das três companhias mais valiosas do Brasil, Vale, Petrobras e Itaú Unibanco, com o Santander.

Apesar da forte queda, ainda há "´gordura" para queimar: a Nasdaq ainda acumula valorização de quase 30% desde o início do mesmo.

 

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