WEG (WEG/Divulgação)
Repórter de negócios e finanças
Publicado em 23 de julho de 2025 às 11h06.
A primeira impressão dos investidores sobre o balanço trimestral da WEG (WEGE3) não foi das melhores. A ação da fabricante de equipamentos elétricos começou o dia liderando as perdas do Ibovespa e chegou a recuar 6% nos primeiros minutos de negociação, tocando a menor cotação do ano (R$ 38,72). A companhia reportou os resultados do segundo trimestre na manhã desta quarta-feira, 23, algumas horas antes da abertura do pregão. Lucro e receita vieram abaixo do projetado pelos analistas e a recuperação, apesar de margens ligeiramente melhores.
A WEG registrou lucro líquido de R$ 1,59 bilhão no segundo trimestre deste ano, 10,4% a mais que o registrado no mesmo período em 2024, enquanto o mercado projetava uma cifra de R$ 1,7 bilhão. A margem líquida (relação entre lucro e receita) alcançou 15,6%, com melhora de somente 0,1 ponto percentual na comparação anual e de 0,3 ponto percentual, na trimestral.
A receita líquida de R$ 10,2 bilhões cresceu 10,1% na comparação anual, mas foi apenas 1,3% que a do primeiro trimestre.
"De maneira geral, achamos que a desaceleração de crescimento de receita ofusca as margens ligeiramente melhores do trimestre", dizem os analistas do BTG Pactual, em relatório.
Em julho, as ações da companhia interromperam uma sequência de seis dias seguidos de baixa e ensaiaram uma recuperação, em meio a analistas com mixed feelings. Na semana passada, o JP Morgan dizia que o pior para a empresa já tinha passado e os riscos de tarifaço e redução de subsídios para energias renováveis nos Estados Unidos, já estavam embutido no papel. O banco dizia enxergar uma boa oportunidade de compra, com a WEG sendo negociada a múltiplos muito abaixo das médias históricas.
A XP, por outro lado, se mostrou mais cética quanto a capacidade da companhia em manter o ritmo de crescimento no futuro. Para 2026, o banco projeta lucro de R$ 7,4 bilhões para a WEG, cifra que está 11% abaixo do consenso do mercado. Na visão dos analistas, há um cenário macroeconômico incerto, com pressões sobre preços de commodities e menor apetite de investimento industrial. A companhia também tende ser menos impactada por um ciclo de corte de juros no Brasil, por estar mais exposta ao cenário internacional - bastante conturbado no momento.
Por essa razão, a XP deu um downgrade em WEGE3, que saiu de compra para neutra pela avaliação da casa. O preço-alvo do papel também sofreu um baita corte, de R$ 62 para R$ 46.
A confiança na WEG, uma das 'queridinhas' da bolsa, volta a ser colocada em xeque após seu último balanço. "Acreditamos que os resultados do segundo trimestre abre precedente para revisões para baixo, tanto em nossos números quanto no consenso do mercado, para 2025 e 2026", escreveram os analistas do Itaú BBA. Por outro lado, uma queda de 5% no valor do papel deterioraria ainda mais os múltiplos da empresa, abrindo espaço para um ponto de entrada "interessante" para investidores de longo prazo, diz o relatório.
Até o fechamento de ontem, WEGE3 já acumulava queda de quase 22% no ano.