Após saltar 1,70 por cento e bater no patamar de 3,80 reais, por conta do cenário externo e político local, a alta do dólar perdia força nesta terça-feira (Chung Sung-Jun/Getty Images)
Reuters
Publicado em 5 de junho de 2018 às 12h57.
São Paulo - Após saltar 1,70 por cento e bater no patamar de 3,80 reais, por conta do cenário externo e político local, a alta do dólar perdia força nesta terça-feira com a atuação mais forte do Banco Central.
Às 12:31, o dólar avançava 0,60 por cento, a 3,7659 reais na venda, depois ir a 3,8076 reais na máxima do dia, maior nível intradia desde março de 2016. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,60 por cento.
A moeda norte-americana já vinha operando em alta desde a abertura do negócios, influenciada pelo cenário político local, a poucos meses das eleições presidenciais, e pelo movimento no exterior, que ganhou força após dados mais robustos sobre a economia norte-americana.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas e também divisas de países emergentes, como o rand sul-africano e o peso mexicano.
Pela manhã, foi divulgado que o índice de atividade de serviços nos Estados Unidos ficou em 58,6 em maio, ante previsão de 57,5 em pesquisa Reuters. Já o índice PMI final de serviços do país subiu a 56,8 no mesmo mês, ante 54,6 em abril e preliminar de 55,7.
Dados fortes de emprego dos Estados Unidos divulgados recentemente já haviam reavivado apostas de que o Federal Reserve, banco central do país, pode aumentar a taxa de juros mais três vezes este ano. As expectativas do mercado, por enquanto, são de mais dois aumentos até dezembro.
Juros elevados têm potencial para atrair à maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outros mercados, como o brasileiro.
Com isso, o dólar disparou no mercado brasileiro também, desencadeando um movimento conhecido como "stop loss", quando os investidores desfazem suas posições rapidamente diante de sinais que consideram mais negativos. Segundo o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer, não houve saída de recursos do mercado, apenas esse movimento técnico.
Assim, o BC brasileiro decidiu entrar mais pesado e anunciou novo leilão de até 30 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, ainda nesta sessão. Vendeu 16.210 contratos e, em seguida, anunciou outro leilão para tentar vender o restante de 13.790 swaps.
Com isso, o dólar era negociado perto da mínima do dia, rondando o patamar de 3,75 reais.
A autoridade monetária já havia feito leilão de novos swaps neste pregão e vendeu a oferta integral de até 15 mil contratos, totalizando 3,061 bilhões de dólares neste mês.
E também vendeu integralmente a oferta de até 8.800 swaps para rolagem, já somando 1,320 bilhão de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vence em julho. Se mantiver esse volume até o final do mês, rolará integralmente o volume.
Do lado doméstico, a cena política também influenciava, após a divulgação da pesquisa de intenção de votos do DataPoder360 que mostrou o candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) na segunda posição, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), com Geraldo Alckmin (PSDB), visto pelo mercado como candidato com perfil reformista, sem decolar.
Além disso, a pesquisa mostrou o ex-prefeito de São Paulo João Doria, também do PSDB, como um dos possíveis candidatos, mas também sem força.
"A questão é que o candidato de esquerda tem se mostrado mais competitivo do que um candidato pró-mercado", afirmou o gestor de derivativos de uma corretora local.
Os investidores ainda continuavam cautelosos com os desdobramentos da greve dos caminhoneiros, que afetou o abastecimento do país nas últimas semanas. O governo acabou cedendo na maioria das reivindicações da categoria para baixar os preços do diesel, gerando uma conta bilionária que impactará os cofres públicos, prejudicando o ajuste fiscal.
Agora, o governo trabalha para mudar a periodicidade dos reajustes de preços de gasolina sem mudar a política de preços da Petrobras.