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Após tempestade: bolsas e petróleo sobem, mas longe de reparar perdas

Preço do barril subia cerca de 7% na manhã desta terça-feira, enquanto bolsas asiáticas fecharam o pregão em leve alta

Mercado financeiro: as bolsas do Ocidente devem acompanhar as altas da Ásia (Kyodo News/Getty Images)

Mercado financeiro: as bolsas do Ocidente devem acompanhar as altas da Ásia (Kyodo News/Getty Images)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 10 de março de 2020 às 06h46.

Última atualização em 10 de março de 2020 às 09h46.

Após mais de 24 horas de caos nos mercados globais no começo desta semana, o dia deve ser de algum alento nesta terça-feira, 10.

As bolsas asiáticas fecharam o pregão nesta madrugada em alta, ainda que não o suficiente para recuperar as perdas da segunda-feira, 9. Os índices de Shenzhen e Xangai tiveram alta de 2,65% e 1,82%, respectivamente. Em Hong Kong, a alta foi de 1,41%. O índice MSCI (de ações Ásia-Pacífico, com exceção do Japão) teve alta de 1,36% após cair mais de 5% na segunda-feira. Além de um movimento natural de recuperação das quedas bruscas do dia anterior, a alta nos mercados vem sobretudo em meio a uma expectativa dos mercados de que os governos mundo afora anunciem estímulos para a economia em meio à epidemia do coronavírus e aos potenciais problemas de demanda das commodities.

A alta mais tímida ficou no Japão, com o índice Nikkei subindo somente 0,85%, à medida em que o país enfrenta sinais fracos em sua própria economia e terminou 2019 em recessão, podendo ser ainda mais afetado por uma crise global.

No resto do dia, as bolsas do Ocidente devem acompanhar as altas da Ásia. O índice europeu Stoxx 600 subia 2,3% pouco antes das 10h, enquanto o FTSE de Londres operava em alta de 2,6% -- o índice conta com grandes petroleiras europeias, como a Royal Dutch Shell e a BP. Os contratos futuros do americano S&P 500 subiam cerca de 3% às 9h40, após queda de 7,6% na segunda-feira.

Já o protagonista da crise, o barril de petróleo, subia na casa dos 7% no início da manhã, cotado a 33,54 dólares às 9h40, alta de 7,74%. Na segunda-feira, o preço do barril fechou em queda de 24% em meio à decisão da Arábia Saudita de reduzir seus preços e aumentar a produção. “Do ponto de vista fiscal, a atual cotação do petróleo é insustentável para os países que dependem da commodity. A Arábia Saudita não vai conseguir manter esse preço por muito tempo”, diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, após as quedas de segunda-feira.

No Brasil, o Ibovespa fechou o dia em queda de 12,17% na segunda-feira, a 86.067,20 pontos. Só a Petrobrás perdeu 91,16 bilhões de reais em valor de mercado, com queda de 30% no valor de suas ações. Apesar da alta nas bolsas asiáticas, o momento ainda é de incerteza. “Há uma semana a oportunidade era nos 100 mil pontos. Agora o Ibovespa já está em 88 mil. Então o melhor é esperar o cenário externo acalmar. Uma hora essas quedas vão gerar oportunidades, mas a hora não é agora”, diz Jefferson Laatus, estrategista-chefe e fundador do Grupo Laatus. O mecanismo de contenção da volatilidade chegou a ser acionado na B3 e nos Estados Unidos – o chamado “circuit breaker”, que no Brasil paralisa o pregão após queda acima de 10%.

A alta e baixa do petróleo nesses últimos dois dias representou a maior volatilidade do preço em 30 anos. O índice VIX, chamado “índice do medo”, fechou a segunda-feira em alta de quase 10% e acumula alta de mais de 60% nos últimos cinco dias. Não à toa, o preço do ouro, visto como ativo de segurança, bateu em seu maior preço em quatro anos, assim como o dólar, que vem apresentando altas sucessivas frente às moedas estrangeiras -- no Brasil, a moeda americana fechou a segunda-feira a 4,72 reais, alta de 1,97%. Apesar disso, a expectativa para a terça-feira é que o dia transcorra sem que nenhum circuit breaker precise ser acionado.  

*Matéria atualizada às 9h40 para incluir cotações atualizadas do petróleo e bolsas.

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