Invest

Depois da Gol, Azul fecha acordo com a União para pagar R$ 2,5 bilhões em dívidas fiscais

A negociação com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) faz parte de uma série de medidas para estabilizar o setor aéreo, que ainda sofre os impactos da pandemia

Azul: companhia renegocia R$ 2,5 bilhões em dívida com a União (Azul/Divulgação)

Azul: companhia renegocia R$ 2,5 bilhões em dívida com a União (Azul/Divulgação)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 3 de janeiro de 2025 às 15h26.

Última atualização em 3 de janeiro de 2025 às 15h31.

A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) anunciou, nesta sexta-feira, 3, que realizou um acordo com a Azul (AZUL4) para renegociar R$ 2,5 bilhões em dívidas fiscais junto à União. A renegociação ocorre um dia após da Gol (GOLL4) firmar um acordo semelhante para pendências fiscais que somam R$ 5,5 bilhões.

Depois dos anúncios, as ações de ambas as companhias ganharam fôlego na sessão de hoje, subindo mais de 1,4%.

No caso da Azul, a transação envolve o pagamento imediato de R$ 36 milhões e o parcelamento do saldo restante em até 120 prestações, utilizando créditos de prejuízo fiscal. O valor renegociado foi reduzido para cerca de R$ 1,1 bilhão após descontos em multas e juros.

Como parte da garantia do acordo, a companhia ofereceu slots aeroportuários, contratos vigentes com órgãos públicos, espaços publicitários em suas aeronaves e partes de motores. A negociação abrange débitos previdenciários, não previdenciários e outras obrigações tributárias.

Essa transação faz parte de uma iniciativa mais ampla da União para regularizar dívidas do setor aéreo, que ainda enfrenta os efeitos econômicos da pandemia de covid-19. Juntas, Azul e Gol renegociaram aproximadamente R$ 7 bilhões em pendências fiscais.

Segundo a coordenadora substituta da PGFN, Mariana Fagundes Lellis Vieira, essas medidas são essenciais para estabilizar um setor que gera mais de 1,1 milhão de empregos diretos e indiretos no país.

Já no caso da Gol, a renegociação envolveu um total de R$ 5,5 bilhões em dívidas. A companhia deverá pagar R$ 880 milhões em 120 parcelas reajustadas pela Selic, além de converter depósitos judiciais de R$ 49 milhões em pagamento definitivo. Parte significativa das obrigações foi abatida com a utilização de prejuízos fiscais, semelhante ao modelo adotado pela Azul.

A Gol está em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, pelo chamado Chapter 11, e espera finalizar a reestruturação até o primeiro semestre de 2025. O plano inclui a conversão de até US$ 2,8 bilhões em dívidas em ações e novas obrigações reestruturadas, o que pode causar significativa diluição na base acionária da companhia.

A Azul, embora não tenha recorrido a processos de recuperação judicial, precisou renegociar dívidas com seus credores em 2023 e 2024. Parte das obrigações foi convertida em ações, permitindo à empresa manter sua operação estável enquanto atravessa um cenário ainda desafiador.

O setor aéreo como um todo também receberá apoio adicional do governo. Entre as medidas anunciadas estão linhas de crédito via Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e o uso de recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac) para financiar as operações das companhias.

Essas iniciativas visam dar fôlego financeiro às empresas e contribuir para a recuperação do mercado aéreo, crucial para a economia brasileira.

Acompanhe tudo sobre:AzulGol Linhas Aéreas

Mais de Invest

Buffett encerra participação na chinesa BYD após 17 anos de investimento

Ouro bate novo recorde com investidores de olho em cortes de juros nos EUA

Japão na mira de Buffett: investidor amplia participação em um dos maiores conglomerados do país

Techs despencam na Índia e Europa abre em queda com pressão sobre montadoras