EUA: yield de dez anos ultrapassou 5% na segunda-feira (Samuel Corum/Bloomberg)
Agência de notícias
Publicado em 24 de outubro de 2023 às 15h11.
Última atualização em 24 de outubro de 2023 às 15h19.
Em um ano em que a economia dos Estados Unidos superou as expectativas de quase todo mundo, o déficit federal do país quase duplicou. É uma trajetória fiscal sombria que só deve agravar as batalhas políticas sobre o orçamentais em Washington.
O governo teve um déficit de US$ 2,02 trilhões no ano fiscal que terminou em setembro, segundo dados ajustados para remover o impacto do programa de perdão de dívida estudantil do presidente Joe Biden, rejeitado pela Suprema Corte. Foi um rombo de US$ 1,02 trilhão a mais do que no ano anterior.
Isso ajuda a explicar por que os rendimentos que os investidores exigem para tomar títulos do Tesouro americano atingiram níveis que não eram vistos desde antes da crise financeira global. O yield de dez anos ultrapassou 5% na segunda-feira, diante de um governo que precisar emitir cada vez mais dívida para cobrir a desfasagem entre receitas e gastos.
Os republicanos culpam Biden por gastos fora de controle, mas também não conseguem se entender entre si para escolher um novo presidente da Câmara, onde o partido de oposição têm maioria. Enquanto isso, as despesas continuam aumentando. A Casa Branca pediu US$ 106 bilhões de financiamento de emergência para Israel, Ucrânia e a fronteira com o México.
Mas acusações políticas à parte, boa parte do aumento do déficit em 2023 se deve, na verdade, à queda de receita com impostos sobre ganhos de capital relativos ao exercício de 2022, quando bolsas e títulos despencaram, diminuindo o imposto de renda pago neste ano.
Isenções fiscais relacionadas a desastres como os incêndios florestais na Califórnia também reduziram a arrecadação. Do lado dos gastos, houve o impacto da inflação sobre as compras e despesas do governo. A relação entre déficit e PIB ficou entre as três piores desde 1950, segundo o JPMorgan.