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Defaults liderados por OGX devem crescer por queda de açúcar

Investidores em títulos junk do Brasil agora estão enfrentando um colapso na dívida de companhias de açúcar e de etanol


	Fazendeiro mostra um punhado de açúcar: preços do açúcar despencaram 53 por cento nos últimos 36 meses
 (Andrey Rudakov/Bloomberg)

Fazendeiro mostra um punhado de açúcar: preços do açúcar despencaram 53 por cento nos últimos 36 meses (Andrey Rudakov/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2014 às 16h12.

Nova York - Os investidores em títulos junk do Brasil, maltratados por defaults como o da OGX Petróleo Gás Participações de Eike Batista, e o do Banco Cruzeiro do Sul, nos últimos 24 meses, agora estão enfrentando um colapso na dívida de companhias de açúcar e de etanol.

Os US$ 250 milhões em notas da Aralco Açúcar Álcool com vencimento em 2020 despencaram 26,2 centavos neste ano, chegando ao recorde de 30 centavos por dólar, e os US$ 300 milhões de dívida do Grupo Virgolino de Oliveira SA com vencimento em 2018 caíram 12,5 centavos até 56,8 centavos. Desde 1999, oito de dez companhias brasileiras entraram em default depois que seus títulos afundaram abaixo de 40 centavos, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A série de insolvências sem precedentes no Brasil desde 2012 está dando poucos sinais de recuar, pois os rendimentos de US$ 1,4 bilhões em títulos de produtores de açúcar subiram. A superabundância global do adoçante, que levou os preços para seu valor mais baixo em quatro anos, e os subsídios brasileiros à gasolina, que deprimiram a demanda de biocombustíveis, estão exacerbando as perdas das companhias. O default de um único produtor poderia afetar o acesso da indústria a fundos, disse a Sterne, Agee Leach Inc.

“O default da Aralco dependerá de se a empresa puder tomar mais dinheiro emprestado para financiar seu fluxo de caixa negativo”, disse Revisson Bonfim, diretor de análise global de mercados emergentes da Sterne, Agee Leach, em reposta por e-mail a questões. “A capacidade de acesso a financiamento é importante para todos os agentes, e se a Aralco entrar em default, poderia tornar-se muito difícil”.

Aralco, GVO

O Banco BTG Pactual disse em um relatório publicado em 21 de janeiro que a Aralco, sediada em Araçatuba, Brasil, perderá R$ 213 milhões (US$ 89 milhões) segundo a medição do fluxo livre de caixa, o que resta após o dispêndio de capital, os gastos operativos e os juros, no seu ano fiscal de 2014, mais de oito vezes as perdas em 2013. A companhia possui uma dívida líquida de cerca de R$ 1,39 bilhão e apenas R$ 61 milhões de caixa, segundo seu relatório de lucros mais recente.


O GVO perderá cerca de R$ 136 milhões neste ano, 48 por cento a menos do que em 2013, porque o gasto de capital para substituir os campos de cana-de-açúcar envelhecidos se reduz, segundo o BTG. O produtor ainda precisa refinanciar cerca de R$ 300 milhões por ano, disse o banco sediado em São Paulo.

Os títulos dos produtores de açúcar do Brasil caíram durante a maior parte de 2013 à medida que os preços do adoçante despencaram. Um rali de preços, desencadeado por um incêndio no maior porto do País em outubro que destruiu 180.000 toneladas métricas de açúcar, provou ser efêmero.

Queda do açúcar

Os preços do açúcar despencaram 53 por cento nos últimos 36 meses, pois safras recordes no Brasil, que produz cerca de metade das exportações globais, ajudaram a criar uma superabundância. A produção na região Centro-Sul do Brasil, a de maior produção, aumentará para 35 milhões de toneladas na colheita de 2014-15, frente a 34 milhões de toneladas métricas na temporada atual, disse em 22 de janeiro a empresa de pesquisa Safras Mercado.

Os limites impostos pelo governo brasileiro aos preços da gasolina, parte dos esforços da presidente Dilma Rousseff para desacelerar a inflação, fizeram com que a demanda por biocombustíveis caísse. O consumo de etanol recuou 9 por cento para 21,1 milhões de metros cúbicos no ano passado comparado a seu pico em 2010, segundo dados da Bloomberg Industries. A maioria das usinas de açúcar no Brasil pode mudar a produção entre o adoçante e o combustível dependendo dos preços.

A capacidade limitada da Aralco e do GVO para reduzir seu endividamento torna as companhias dependentes da vontade dos credores de prolongar os empréstimos, segundo o BTG.

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