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Decisões de Copom e Fed: o que esperar da Super Quarta pós-SVB

Bancos centrais do Brasil e dos EUA divulgam decisão nesta quarta-feira, em meio à crise bancária no exterior

Decisão de juros no Brasil e nos EUA deve movimentar mercados nesta quarta-feira (Getty/Getty Images)

Decisão de juros no Brasil e nos EUA deve movimentar mercados nesta quarta-feira (Getty/Getty Images)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 22 de março de 2023 às 06h20.

Última atualização em 22 de março de 2023 às 16h20.

A trajetória dos juros está nos holofotes dos investidores nesta quarta-feira, 22, marcada por decisões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos – evento conhecido no mercado como “Super Quarta”. 

Após o fechamento do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulga a decisão da taxa básica de juros brasileira, a Selic.

Já o Fomc, comitê do Federal Reserve (Fed) responsável por decidir a taxa de juros nos Estados Unidos, apresenta sua decisão às 15h (horário de Brasília). As atenções, no entanto, devem ficam com o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, às 15h30, detalhando a decisão do Fomc.

A decisão será a primeira após a falência do Silicon Valley Bank (SVB) que deu início a um período de instabilidade no setor bancário americano

O que esperar da decisão do Copom

No Brasil, a expectativa entre os economistas é de que a Selic será mantida em 13,75% na decisão de hoje. Por um lado, a inflação continua alta, com o IPCA subindo 0,84% em fevereiro – acima das expectativas dos analistas. De outro, o mercado já observa dificuldades causadas pelos juros altos, argumento que ganha ainda mais força com os ventos externos de turbulência após a falência do SVB. Somadas as pressões para elevar ou cortar os juros, o resultado deve ser neutro, estimam os analistas.

“Como os eventos domésticos e globais sobre crédito, crescimento do PIB e inflação seguem se desenvolvendo, o BC deve comunicar que o cenário ainda exige atenção

No entanto, deve remover a ameaça, vista nos recentes documentos, de retomar o ciclo de alta e deve sinalizar um balanço de riscos mais equilibrado nos meses seguintes”, avaliaram, em nota, os analistas do JPMorgan.

Os agentes de mercado, alertam, no entanto, para a chamada “desancoragem de expectativas”. Sem saber o que vem pela frente no cenário fiscal, as expectativas de inflação futura avançam. A expectativa é que o novo arcabouço fiscal traga maior previsibilidade sobre a trajetória da dívida pública, abrindo caminho para que o Copom possa cortar a Selic.

O que esperar da decisão do Fed

Nos Estados Unidos, a grande questão é como a crise bancária vai influenciar a decisão do Fed. Há algumas semanas, a expectativa era de uma elevação de 0,50 ponto percentual (p.p.), e agora o mercado já antecipa uma alta de 0,25 p.p. – um ritmo mais brando para se adequar ao momento de instabilidade.

Luiz Parreiras, gestor de fundos da Verde Asset, uma gestoras mais respeitadas do Brasil, é um dos que acredita em uma alta de 0,25 p.p.. O gestor argumenta que o Fed vai continuar subindo os juros por entender que é preciso separar o que é política monetária do que é estabilidade financeira.

"O Fed continua preocupado com a inflação, mas do outro lado voltou a ter problema de instabilidade financeira. O BC americano vai se equilibrar nessa corda bamba dando o aumento de juros ao mesmo tempo em que sinaliza que irá prover liquidez de curto prazo para o sistema", disse o gestor em entrevista ao podcast Clube Invest.

Existem ainda aqueles que esperam uma pausa no ciclo de alta por conta da crise. É o caso do Goldman Sachs, que não mudou sua previsão para o restante do ano mas acredita em uma paralisação momentânea do combate à inflação.

“Embora as autoridades tenham respondido agressivamente para fortalecer o sistema financeiro, os mercados parecem não estar totalmente convencidos que os esforços para apoiar bancos pequenos e médios serão suficientes. Acreditamos que o Fed compartilha nossa visão de que o estresse no sistema bancário continua sendo a preocupação mais imediata por enquanto”, dizem em relatório.

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