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Decisões de Copom e Fed: o que esperar da primeira Super Quarta do ano

Bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos divulgam decisão de política monetária nesta quarta-feira

Política monetária: expectativa é de manutenção da Selic no Brasil e aumento da taxa de juros nos EUA (iStock/Getty Images)

Política monetária: expectativa é de manutenção da Selic no Brasil e aumento da taxa de juros nos EUA (iStock/Getty Images)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 1 de fevereiro de 2023 às 06h03.

A trajetória dos juros será o grande foco dos investidores nesta quarta-feira, 1, marcada por decisões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos – evento conhecido no mercado como “Super Quarta”. 

Após o fechamento do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulga a decisão da taxa básica de juros brasileira, a Selic

Já o Fomc, comitê do Federal Reserve (Fed) responsável por decidir a taxa de juros nos Estados Unidos, apresenta sua decisão às 16h (horário de Brasília). As atenções, no entanto, devem ficam com o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, às 16h30, detalhando a decisão do Fomc.

O que esperar da decisão do Copom

Por aqui, o consenso do mercado acredita na manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano na próxima decisão do Copom, patamar que sendo mantido desde a reunião de agosto. A continuidade dos juros em um patamar elevado já vinha sendo sinalizada pelo Banco Central e não é novidade. 

A grande preocupação é que esse tempo seja estendido caso a inflação volte a dar sinais de alta. As expectativas do mercado para a inflação medidas pelo Boletim Focus aumentaram pela sétima vez seguida na última segunda-feira. A projeção para este ano saltou de 5,48% para 5,74%, contra 5,31% há um mês.

Analistas estimam que o BC também irá modificar suas expectativas para a inflação. “Esperamos alta nas projeções para os próximos dois anos, produto do impulso fiscal esperado para 2023, elevando a projeção de 2024 acima da meta de 3,0% pela primeira vez”, afirmaram, em nota, os analistas do Morgan Stanley.

O tom do comunicado deve continuar duro, com o BC reforçando uma “postura vigilante da política monetária”, e retomando a afirmação de que que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não ocorra como esperado.

O mercado também se preocupa com as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recentemente criticou a autonomia do Banco Central, o nível de juros e a meta inflacionária. 

Lula defendeu, em entrevista à GloboNews, que a meta de inflação deveria ser superior à atual, que, segundo ele, acaba forçando um arrocho maior na economia. "Veja, você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7%. Quando você faz isso, você é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir aqueles 3,7%. Por que precisava fazer 3,7%?. Por que não fazer 4,5, como nós fizemos [em governos passados]?", disse.

Para os analistas do Itaú BBA, o Copom está atento às sinalizações e deve mandar um alerta sobre as discussões acerca da definição das metas de inflação para os próximos anos, “e seus potenciais impactos sobre preços de ativos e ancoragem das expectativas”.

O que esperar da decisão do Fed

O mercado espera que o Fomc suba os juros americanos em 0,25 ponto percentual, em um ritmo mais brando do que o registrado nas últimas decisões. Depois de quatro decisões consecutivas de aumento de 0,75 p.p., o Fed subiu a taxa em 0,5 p.p. na última reunião de dezembro.

Os juros americanos estão atualmente no patamar entre 4,25% e 4,5%. Caso a previsão do mercado se confirme, a taxa irá subir para o intervalo entre 4,5% e 4,75%, em seu maior patamar desde 2007.

Analistas reforçam que a mensagem do Fed deve seguir sendo de cautela com a inflação, mesmo com a diminuição no ritmo do aumento das taxas. 

“Os membros do Fomc parecem ter mais confiança de que a inflação está em um caminho mais baixo, mas o Fed ainda não está convencido de que as pressões inflacionárias se dissiparão rapidamente”, informa relatório do Bank of America (BofA).

A expectativa dos analistas do BofA é que o presidente Powell continue enfatizando que o trabalho do Fed não acabou, com aumentos contínuos da taxa seguindo no radar e reforçando a ideia de juros altos por mais tempo. 

“Isso significa que não há mudança na orientação da taxa de juros na declaração do Fomc. Uma suavização nessa linguagem pode levar a uma flexibilização indesejada nas condições financeiras”, completam.

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