(Andre Coelho/Bloomberg/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 7 de dezembro de 2022 às 07h42.
Última atualização em 7 de dezembro de 2022 às 07h59.
O Comitê de Política Monetária (Copom) chega para a decisão desta quarta-feira, 7, sob o consenso de que irá manter a taxa Selic inalterada em 13,75%. Mas mais do que a decisão em si, que será a última do ano, investidores aguardam por sinais de como o Banco Central tem avaliado os riscos fiscais para o próximo ano. Ainda que o boletim Focus mostre a expectativa de queda da Selic para o ano que vem, na bolsa, investidores precificam alta probabilidade de o Copom ter que voltar a subir juros no ano que vem.
O que tem ajudado a aliviar parte do pessimismo do mercado brasileiro é o desmonte da PEC de Transição. O texto foi aprovado na véspera pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e deverá ser votada no plenário da casa nesta quarta. Mas os termos aprovados foram mais enxutos do que o apresentado pela manhã e ainda mais se comparado ao projeto inicial, que previa Bolsa Família de fora do teto de gastos por tempo indefinido.
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Uma das principais mudanças na PEC que irá ao plenário foi justamente a redução do prazo de validade para dois anos, mantida durante a tramitação do texto na CCJ. Diferentemente da proposta inicial, o Bolsa Família foi mantido dentro do teto de gastos, que foi expandido em R$ 145 bilhões para acomodar os gastos com o programa. O número foi estabelecido após negociações na CCJ, com redução de R$ 30 bilhões em relação ao texto enviado pelo relator Alexandre Silveira.
O texto ainda prevê que a PEC seja substituída por uma nova âncora fiscal, estabelecendo um prazo de oito meses para o novo governo apresentar um plano. No mercado, há grande expectativa para saber o que será apresentado no lugar do teto de gastos -- discussão que deverá ser um dos principais temas do próximo ano. Até lá, investidores terão que conviver com a incerteza. Ainda assim, só o fato de que texto estabelecer uma data para a entrega de um plano deve ser encarado pelo mercado, ao menos no curto prazo, como um avanço positivo.
Ainda que investidores já esperassem por alguma desidratação da PEC, a tramitação do texto na CCJ foi encarada com otimismo pelo mercado. O reflexo disso foi visto na bolsa, que fechou em alta, enquanto mercados do mundo inteiro tiveram mais um dia de queda no último pregão.
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Nesta manhã, os principais índices do mercado internacional voltam a operar no vermelho. Se confirmada a queda nesta quarta, as bolsas americanas poderão chegar ao quinto dia consecutivo de perdas. Como pano de fundo do maior pessimismo no exterior seguem as incertezas quanto aos desafios do Federal Reserve em conter a inflação, diante de dados mais fortes que o esperado para a economia americana.
Desempenho dos indicadores às 7h45 (de Brasília):
Na Europa, o PIB do terceiro trimestre da Zona do Euro foi revisado para cima, de 2,1% para 2,3% de alta anual. Também foram revisados para cima os dados de variação de empregos para o período, refletindo um mercado de trabalho mais apertado do que o esperado. Mas se por um lado os números mostram maior resiliência da economia europeia, por outro, evidenciam ainda mais a complexa situação do Banco Central Europeu no combate da maior inflação da história do bloco.
O governo de Jair Bolsonaro ainda não acabou, mas seus aliados já estão em busca de novos horizontes. Um deles é o presidente da Petrobras, Caio Mário Paes de Andrade, que anúnciou na noite de ontem sua saída da companhia para compor a equipe do governador eleito do Estado de São Paulo Tarcício de Freitas.
A Petrobras informou, no entanto, que Andrade seguirá no comando da companhia durante as próximas semanas, sem participar da equipe de transição de Tarcício de Freitas. Segundo o comunicado, o foco de Andrade estará na transição do comando da própria companhia. Mas, assim como os nomes dos ministros do próximo governo, segue um mistério quem o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva irá nomear para chefiar a maior estatal do país.