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Década dos BRIC termina com saída de fundos e desaceleração

O Goldman Sachs, que criou o termo BRIC, diz que o que havia de melhor já acabou para os maiores mercados emergentes

O PIB no Brasil, na Índia, na Rússia e na China cresceu no ritmo mais lento em quase dois anos no último trimestre (Mario Rodrigues/Veja SP)

O PIB no Brasil, na Índia, na Rússia e na China cresceu no ritmo mais lento em quase dois anos no último trimestre (Mario Rodrigues/Veja SP)

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Da Redação

Publicado em 27 de dezembro de 2011 às 15h07.

Londres/Cingapura - Na última década, fundos mútuos investiram cerca de US$ 70 bilhões no Brasil, Rússia, Índia e China. As ações desses países tiveram um ganho mais de quatro vezes maior que os do índice Standard & Poor’s 500 e as economias cresceram em ritmo quatro vezes mais rápido que o dos Estados Unidos.

Agora, o Goldman Sachs Group Inc., que criou o termo BRIC, diz que o que havia de melhor já acabou para os maiores mercados emergentes.

Os fundos retiraram US$ 15 bilhões dos BRIC neste ano, diante da queda de 23 por cento do índice MSCI BRIC, segundo dados do EPFR Global. O índice teve rendimento 390 por cento acima do S&P 500 de novembro de 2001 a setembro de 2010. Nos últimos cinco trimestres, o MSCI BRIC perdeu para o S&P 500 e registrou o pior desempenho desde que o Goldman Sachs disse que os países iriam se juntar aos EUA e o Japão como as principais economias mundiais até 2050.

“Nos mercados emergentes, estamos esperando as coisas ficarem piores antes de melhorarem”, disse Michael Shaoul, presidente do conselho da Marketfield Asset Management, que em fevereiro previu queda de ações dos emergentes neste ano.

Índices que seguem papéis dos BRIC podem recuar mais 20 por cento em 2012, afetados pela escassez de liquidez diante da crise de dívida soberana na Europa, disse Arjuna Mahendran, chefe de estratégia de investimentos na Ásia no HSBC Private Bank. Países como a Indonésia, Nigéria e Turquia podem ter desempenho melhor que os BRIC nos próximos cinco anos, ao se recuperarem de baixos níveis de crescimento, disse ele.

“A desaceleração que vemos nos BRIC vai continuar em grande parte do primeiro semestre”, disse Mahendran. “Comparado aos EUA, os lucros das empresas não foram tão bons já que elas encaram salários mais altos, juros mais altos e volatilidade cambial, e na melhor das hipóteses, só veremos os efeitos da política monetária expansionista no segundo semestre de 2012.”

O Produto Interno Bruto nos quarto países cresceu no ritmo mais lento em quase dois anos no último trimestre. O Goldman Sachs disse nesse mês que o potencial máximo de crescimento provavelmente já foi atingido devido a menor oferta de novos trabalhadores.


Apesar de o Brasil e a Rússia começarem a reduzir os juros, o aumento de lucro das empresas que compõem o índice MSCI deve se desacelerar de 19 por cento neste ano para 5 por cento em 2012, perdendo em 5 por cento para o S&P 500, segundo estimativas de mais de 12.000 analistas compiladas pela Bloomberg.

O crescimento médio dos BRIC vai cair de 9,7 por cento em 2007, a máxima, para 6,1 por cento em 2012, segundo estimativas de setembro do Fundo Monetário Internacional.

A saída de fundos foi a maior na comparação anual desde pelo menos 1996, segundo o EPFR Global. Investidores retiraram US$ 2,2 bilhões do Brasil, e US$ 3,6 bilhões da China, segundo dados da instituição.

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